Procurador de Minas rejeita investigar Lula no mensalão
Ministério Público Federal descarta acusação de Valério contra ex-presidente
Caso vai para DF após avaliação de que novo depoimento prestado por empresário não acrescentou novidades
Sem
tomar depoimentos, a Procuradoria da República em Minas Gerais
descartou investigar as acusações do empresário Marcos Valério Fernandes
de Souza sobre a suposta participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva no mensalão.
O procurador Leonardo Melo decidiu remeter os papéis para apuração da Procuradoria no Distrito Federal. Conforme a Folha
apurou, ele avaliou que as declarações de Valério sobre Lula em nada
acrescentavam às apurações existentes em Minas e às ações que correm na
Justiça Federal do Estado.
Ele havia sido encarregado em
fevereiro de analisar um depoimento prestado pelo empresário à
Procuradoria Geral da República em 24 de setembro de 2012, em meio ao
julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal.
Na época,
Valério disse que Lula sabia do esquema e que recursos do mensalão
teriam custeado despesas pessoais do petista em 2003, quando ele já
ocupava a Presidência.
No final do ano, Valério, considerado
operador do mensalão, foi condenado a 40 anos de prisão. O cumprimento
dessa pena ainda depende da publicação do acórdão e de eventuais
recursos.
O depoimento de Valério foi enviado pelo
procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para a primeira instância
porque Lula não tem direito a foro privilegiado na condição de
ex-presidente.
Antes de se decidir pelo envio da papelada para Minas, Gurgel manifestou dúvidas sobre para qual primeira instância do Ministério Público Federal enviar os documentos: Minas Gerais, São Paulo ou Distrito Federal.
O
procurador-geral disse na ocasião que existem braços do processo do
mensalão nesses três lugares e que Valério "se refere a coisas que
começam em um determinado Estado, mas o pagamento é efetuado em outro".
Gurgel
declarou, no começo de fevereiro, que isso gerava "perplexidade quanto
ao local [dos supostos crimes]" e que seu trabalho era evitar que o
procurador que recebesse o material viesse a rejeitá-lo, sob o argumento
de não ser sua competência. Foi o que acabou ocorrendo agora.
A
Procuradoria de Minas remeteu o depoimento para a regional do Distrito
Federal, também de primeira instância, por entender que é onde poderiam
ter ocorrido os fatos narrados por Valério.
Essa é também a justificativa para que nenhum depoimento tenha sido tomado.
Paralelamente
a essa apuração, a Procuradoria mineira já vinha investigando, a pedido
do STF, pagamentos de Valério que ficaram fora da ação principal do
mensalão.
Um inquérito foi aberto na Polícia Federal com essa
finalidade, e agora a Procuradoria solicitou à PF que faça rastreamentos
dos pagamentos feitos por Valério. A apuração é anterior ao depoimento
dele e, em princípio, não envolve o ex-presidente. (Folha de S. Paulo)
Adaptado por: Araripe Informado
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