Traficante foi julgado por mandar matar criminosos de dentro de Bangu 1, onde cumpria pena, em 2002
O
traficante Luiz Fernando da Costa, de 46 anos, conhecido como
Fernandinho Beira-Mar, foi condenado a 80 anos de prisão pelos crimes de
homicídio qualificado e tentativa de homicídio. A sentença foi lida
pelo juiz Murilo Kieling na madrugada desta quarta-feira (13). O
julgamento do traficante começou às 15h de terça-feira (12), no Tribunal
de Justiça (TJ), no Centro do Rio de Janeiro. Beira-Mar disse que vai
recorrer da sentença. O traficante era acusado de dois homicídios e de
uma tentativa de homicídio. A pena foi dividida em 30 anos pelos
homicídios dos também traficantes Alexandre Vieira Nunes e Edinei Thomaz
Santos, e mais 20 anos pela tentativa de homicídio de Adaílton Cardoso
de Lima. De acordo com a polícia, as vítimas eram integrantes da facção
criminosa Comando Vermelho, chefiada por Beira-Mar de dentro do presídio
Bangu 1, onde cumpria pena na época. O telefonema em que o traficante
determina a morte do trio foi gravado com autorização judicial. "Estou
preso, não estou morto e não perdoo vacilação. Quem estiver errado vai
rodar neste bagulho, pode ser quem for", disse Beira-Mar na gravação. Os
crimes aconteceram no dia 27 de julho de 2002 em uma favela de Duque de
Caxias, na Baixada Fluminense.
O traficante chegou ao Rio na
tarde de segunda-feira (11) e foi conduzido a Bangu 1, onde passou a
noite. Na tarde de terça foi levado de helicóptero para o Fórum do Rio. A
audiência no 4º Tribunal do Júri começou sob forte esquema de
segurança. Ao rever familiares, Beira-Mar acenou e mandou beijos, e por
isso foi repreendido pelo juiz. Ele negou ter ordenado as mortes dos
três comparsas e contou que usou um celular clandestino para determinar a
realização de uma reunião e tentar resolver uma disputa entre os
traficantes. "Só queria dar um couro neles", afirmou Beira-Mar ao juiz.
O
traficante disse que é casado, tem 11 filhos, foi empresário da
construção civil antes de se envolver com o tráfico e atualmente está
estudando teologia na prisão. Atualmente, cumpre pena na penitenciária
federal de Catanduvas, no Paraná. Antes do julgamento, as condenações de
Beira-Mar apenas no Rio de Janeiro somavam 69 anos de prisão.
Considerando também outros estados, eram 120 anos. Com a nova pena, a
soma vai a 200 anos. (Estadão/ www.revistaepoca.com.br)
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