Em evento, governador foi recebido aos gritos de 'Eduardo
presidente'. Presidente do PSB disse que não teme retaliações do Governo
Federal.
O governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo
Campos, voltou a afirmar nesta segunda-feira (18) que o Brasil precisa
de um novo pacto político e que a desiguladade é o grande 'freio' da
economia brasileira atualmente. Campos discursou por pouco mais de 20
minutos para centenas de mulheres que compareceram ao Teatro Guararapes,
no Centro de Convenções, em Olinda, durante as comemorações do Dia da
Mulher do governo, e após ser recebidos sob gritos de ‘Brasil pra
frente, Eduardo presidente’.
Apesar do discurso ser voltado para
as mulheres, Campos falou sobre política econômica, inflação e
desigualdade social. "Transformação verdadeira não se dá ao se criar uma
Secretaria da Mulher, esse é um passo. Não se dá ao chamar para compor
essa secretaria nos arranjos da velha política, mas de identificar uma
militante com garra. O Brasil precisa de um novo pacto social e
político, porque não vamos arrancar o machismo que temos resquício na
vida pública do nosso país com as velhas lideranças políticas carcomidas
do Brasil, que nunca assumiram o compromisso de romper efetivamente com
esses cacoetes e deformações da máquina pública", disse o governador,
reforçando que não escolhe os componentes de seu governo através de
partidos.
Relembrando a eleição de 2006, quando foi escolhido
governador do estado, Campos alegou saber que ainda tem muito o que ser
feito, voltando ao discurso sobre a necessidade de se fazer mais, porém
alfinetando adversários. "Tenho certeza de que temos muito do que fazer,
tenho claro que não fizemos tudo, mas acredito que fizemos mais do que
muitos esperavam, fizemos mais que muitos tiveram a chance de fazer e
não fizeram", declarou o governador.
Embora se negue a comentar o
pleito de 2014, o discurso desta segunda teve um tom eleitoral, ao
ressaltar os feitos do governo, como a redução da violência contra a
mulher. "Não é uma tarefa de retórica, ou de fala, é de afirmar uma nova
cultura, novos valores, é romper o velho e ter a capacidade de fazer o
novo, com respeito ao processo histórico, e fazer ao lado do movimento
social, sem fazer como a velha política de cooptar os movimentos
sociais", defendeu o governador, que também elogiou o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, como um homem que conseguiu enxergar o povo, mas
que, apesar dos avanços, ainda é preciso fazer mais para melhorar as
condições de vida dos brasileiros."As desigualdades continuam ainda hoje
sendo o grande freio da nossa sociedade", afirmou.
Antes do
discurso, Eduardo Campos conversou com a imprensa após a assinatura da
ordem de serviço para a construção de um túnel na Zona Norte do Recife.
Campos afirmou não ter nenhum temor de retaliação do Governo Federal
devido às declarações que vem dando à imprensa. "Não é de nossa tradição
temer esse tipo de coisa nem da presidente agir dessa forma. Isso me dá
tranquilidade para que cada um exerça o que a nossa consciência e a
nossa tradição histórica nos permite", explicou o governador.
O
presidente nacional do PSB lembrou ainda que seu partido deixou de
concorrer à presidência nas últimas eleições para apoiar a presidente
Dilma Rousseff. "Estamos tratando de um governo que ajudamos a eleger.
Em dois anos, em todas as votações importantes que a presidente teve no
Congresso Nacional, o comportamento do PSB foi o mesmo, foi quem mais
ajudou sobretudo em questões polêmicas como o Código Florestal,
que parte da base aliada dela votou contra a visão da própria
presidente e da sociedade. Agora, nós precisamos discutir o Brasil. Isso
não pode ser um incômodo, não pode ser tratado com intolerância",
ponderou.
Afirmando ainda que os aliados devem sempre buscar
fazer suas críticas nos fóruns internos do governo, Campos explicou que
teve de se posicionar em alguns casos por não ter sido ouvido, citando
como exemplo a questão da MP dos Portos. "Não tive nenhum fórum para me
colocar depois de ela [a lei] ser publicada. Quando a gente tem visão
diferente, devem ser bem vindas sempre as opiniões, procuro fazer isso
no fórum interno. Quando faço no externo é por dever de
responsabilidade. Não posso ficar sem opinião sobre um fato relevante
que diz respeito ao meu estado. Não como presidente nacional de um
partido, mas como governador. Eu fui eleito para representar a
população", destacou.
Agenda em Brasília
Campos
confirmou também que recebeu convites dos senadores Jarbas Vasconcelos
(PMDB) e Armando Monteiro (PTB) para encontros em Brasília, entretanto
não para esta semana. "Há uma série de convites que são feitos. Seria
esta semana se Dilma fosse fazer a abertura da Conferência Nacional de
Desenvolvimento Regional, para a qual eu fui convidado. Já Jarbas tem
sido procurado por uma série de senadores do PMDB e de outros partidos
que querem fazer uma conversa comigo sobre cenários, conjuntura e eu
disse que iria. Como faço normalmente, só que agora vira notícia",
disse, bem humorado.
Questionado sobre o crescente assédio e os
convites que vêm se proliferando nos últimos tempos, Campos afirmou
estar tranquilo, como sempre esteve para os desafios do dia a dia. "A
tranquilidade ajuda a gente a encontrar caminho. É claro que tem mais
telefonemas para retornar, tem mais convite, mas meu foco é estar aqui
cuidando do dia a dia do goveno, fazer com muito ânimo o que a que a
gente está fazendo, mas tem uma movimentação a mais por todo o país",
explicou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário