Pacto, assinado durante cúpula dos Brics, busca proteger economia dos
dois maiores países emergentes em caso de crise internacional e
facilitar comércio bilateral, além de reduzir dependência do euro e do
dólar.
Os bancos centrais de Brasil e China assinaram nesta terça-feira
(26/03), antes da reunião dos Brics na África do Sul, um acordo no valor
de 60 bilhões de reais para uso de moedas locais (swap) em transações
comerciais bilaterais.
O pacto, segundo o governo brasileiro, é uma medida de prevenção das
duas maiores economias emergentes para momentos de turbulência – como a
crise financeira de 2008 e a europeia iniciada em 2011 – e marca, ao
mesmo tempo, uma iniciativa para tentar mudar o fluxo de comércio
global, dominado pelos EUA, com o dólar, e pela Europa, com o euro.
O acordo foi selado pelo ministro da Fazenda Guido Mantega e o ministro
das Finanças chinês, Lou Jiwei, durante uma reunião ministerial e de
presidentes de bancos centrais precedente à cúpula dos Brics (Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul) em Durban, iniciada nesta terça e
que vai até esta quarta-feira.
"É uma espécie de guarda-chuva, que implica em um relacionamento mais
estreito com a China em diversas áreas", disse Mantega. "É um mecanismo
para ser aplicado em caso de agravamento do cenário financeiro global."
Segundo o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, o acordo
bilateral terá validade de três anos e poderá ser renovado. O montante,
explicou, representa dez meses de exportações do Brasil para a China e
oito meses de importações.
O comércio entre China e Brasil somou cerca de 75 bilhões de dólares em
2012 – ou seja, o acordo firmado nesta terça-feira representa quase
metade desse valor. A expectativa das autoridades brasileiras é de que a
troca de divisas esteja em operação já a partir do segundo semestre
deste ano.
Aproximadamente metade das exportações brasileiras para a China consiste
em ferro ou produtos derivados. Já os principais produtos importados
pelo Brasil são do setor de eletrônicos e maquinaria.
“Nosso interesse não é estabelecer novas relações com a China, mas
expandir relações que possam ser usadas em caso de turbulências no
mercado financeiro”, disse o presidente do BC.
Mantega e o ministro chinês assinaram, ainda, um memorando de
entendimento que trata da cooperação bilateral em políticas
macroeconômicas, fiscais e financeiras. O documento visa a contribuir
para o aprofundamento da cooperação econômica, financeira e comercial,
além da parceria estratégica entre Brasil e China.
Araripe Informado
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