Em
audiência na Assembleia Legislativa,
entidades e profissionais de saúde expõem problemas e chamam a atenção
para o número de óbitos de mães e recém-nascidos
Superlotação, falta de leitos, déficit de
plantonistas, gestantes internadas no improviso e riscos de infecção para os
bebês. Os problemas apresentados por entidades e profissionais da área de saúde
materno-infantil na manhã desta quinta-feira (21), na Assembleia Legislativa do
Estado, mostram que está cada vez mais difícil nascer em Pernambuco.
Promovido pela Comissão de Saúde da Alepe, o
debate reuniu deputados estaduais e representantes de diversas entidades de
saúde, a exemplo do Conselho Regional de Medicina (CREMEPE), Ministério Público
(MPPE), Conselho Regional de Enfermagem (Coren-PE), Sindicato dos Enfermeiros, Sindicatos
dos Trabalhadores em Saúde (SindSaúde), além da Secretária de Saúde de
Pernambuco.
Ao final da reunião, os deputados estaduais
decidiram que vão pedir ao Governo de Pernambuco os dados da mortalidade de
gestantes e recém-nascidos no Estado que, segundo o o diretor do CREMEPE, José
Olímpio, já indicam apresentar um crescimento em 2015. “Dados preliminares sugerem que nos cinco
primeiros meses já morreram mais mulheres com problemas de parto, por exemplo,
no Recife do que no ano de 2014“, afirmou o médico, sem explicitar os números
por não serem oficiais. Ele destacou que o Recife recebe hoje cerca de 40% dos
atendimentos às gestantes e recém-nascidos no Estado.
“Nosso dever agora é procurar o Governo do
Estado para saber qual o índice de mortalidade de mães e bebês nas maternidades
de Pernambuco nestes primeiros meses do ano, em comparação com a série
histórica”, frisou o líder da Bancada da Oposição, deputado estadual Silvio
Costa Filho (PTB)."
Segundo Silvio, as informações colhidas na
audiência pública e em encontros que os parlamentares têm mantido com
representantes do CREMEPE e do SIMEPE mostram que o atendimento à saúde materno
infantil no Estado é de absoluta calamidade.
“A situação é estarrecedora. Estamos entrando
em um estado de colapso real. É humanamente impossível se oferecer um serviço
de qualidade em maternidades que atendem a um número muito maior de pacientes
do que sua capacidade”, concluiu o parlamentar ao repercutir as informações
sobre o número insuficiente de leitos e as precárias condições de trabalho de
obstetras, neonatologistas e anestesistas.
Um dos maiores problemas apontados na
audiência pública foi a falta de atendimento às gestantes no interior do
Estado, por falta de maternidades. De acordo com a promotora do Ministério
Público de Pernambuco (MPPE), Maisa Melo, até as maternidades que funcionam no interior
fecham aos finais de semana por ausência de profissionais. “No Tricentenário,
de Olinda, das gestantes atendidas, apenas 30% são do município. Vem gente de
Arcoverde e até de Araripina, Sertão do Estado, para dar à luz na maternidade”,
informa.
A diretora do Sindicato dos Enfermeiros de
Pernambuco, Flaviana Santos, relatou que em função desta verdadeira
peregrinação que as gestantes fazem do interior para o Recife, “há mulheres
parindo dentro de ambulâncias, sem a mínima condição de assistência”. A
enfermeira lembrou que recentemente técnicos de enfermagem do Hospital Agamenon
Magalhães, no Recife, paralisaram suas atividades por atrasos salariais e
vínculos empregatícios precários com a Secretária de Saúde.
A deputada Socorro Pimentel (PSL) revelou que
visitou pessoalmente algumas maternidades constatando o colapso da rede de
assistência materno-infantil. “O Estado precisa apresentar soluções práticas
para estes problemas. Estive em maternidades da Região Metropolitana e do
interior, a exemplo do Tricentenário, do Dom Malan, em Petrolina, do Hospital
Fernando Bezerra, em Ouricuri, e a realidade é de superlotação, falta de
estrutura e de cumprimento de escalas de plantão” e completou "Não podemos
ficar inertes e fingir que está tudo bem, nós, principalmente desta área
da saúde, sabemos que não estar" destacou a deputada e médica pediatra
Dra. Socorro Pimentel
A secretaria-executiva de atenção à saúde do
Governo de Pernambuco, Cristina Mota, reconheceu que há problemas no sistema de
atendimento materno-infantil, afirmando que o Estado precisa avançar por
exemplo em questões como contratação de médicos e maior articulação com os
municípios.
“Há um déficit, sim, de médicos na escala
mínima, como obstetras, pediatras ou neonatologistas, e anestesistas. E a
tentativa de manter estas escalas nos hospitais faz com que os serviços tenham
uma competição entre si. Então onde tem um hospital regional, por exemplo, que
precisa garantir a escala mínima, até por ser referência para municípios, os
hospitais municipais têm dificuldade de manter o médico em seus territórios. E
quanto mais longe da capital, mais complicado isto se torna”, reconheceu.
Ao final da reunião, o
presidente da Comissão de Saúde da Alepe, Odacy Amorim (PT), sugeriu a criação
de um grupo de trabalho na Alepe para a realização de reuniões permanentes e
formulação de propostas e cobranças ao Governo do Estado sobre as maternidades,
a situação dos profissionais e o atendimento às gestantes de Pernambuco.
Jornal Online Araripe Informado
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