Sete dirigentes da Fifa foram detidos em um hotel em Zurique, na Suíça,
na manhã desta quarta-feira (27), suspeitos de corrupção. O grupo pode
ser extraditado para os Estados Unidos, pois as prisões foram feitas a
pedido do Departamento de Justiça norte-americano, que investiga vários
executivos, inclusive o brasileiro José Maria Marin, ex-presidente da CBF, que está entre os detidos.
Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, foram detidos, além de
Marin, Jeffrey Webb, presidente da Confederação das Américas Central e
do Norte (CONCACAF) e vice-presidente da Fifa;
Eduardo Li, presidente da Federação da Costa Rica; Julio Rocha, agente
de desenvolvimento da Fifa; Costas Takkas, da Concacaf; Eugenio
Figueredo, ex-presidente da Conmebol; e Rafael Esquivel, integrante da
Conmebol e presidente da federação de futebol da Venezuela.
O anúncio coincidiu com o uma operação na sede da Concacaf
(Confederação da América do Norte, América Central e Caribe de Futebol)
em Miami, como parte do caso.
A Fifa infomou que nem seu presidente, Joseph Blatter, nem Jerome
Valcke, secretário-geral da organização, estão implicados no processo. A
Organização também afirmou que não planeja adiar suas eleições
(marcadas para daqui dois dias) e que as duas próximas Copas do Mundo -
2018 na Rússia e 2022 no Qatar - ocorrerão nos países normalmente. A
Fifa também disse que irá colaborar com as autoridades suíças, e afirmou
que o momento é certamente difícil.
De acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, nove
dirigentes da Fifa e outros cinco funcionários foram indiciados por
corrupção, entre eles dois atuais vice-presidentes da entidade. O
departamento também informou que os acusados respondem por extorsão,
fraude eletrônica e conspiração para lavagem de dinheiro. Segundo o
órgão, quatro pessoas e duas organizações já confessaram vários crimes.
Justiça dos EUA investiga o brasileiro José Maria Marin, ex-presidente da CBF (Foto: Reprodução)
O jornal “The New York Times” informou antes promotores dos EUA iriam
abrir inquérito contra ao menos 14 executivos da Fifa, entre eles
Jeffrey Webb (Ilhas Cayman), vice-presidente da comissão executiva;
Eugenio Figueredo (Uruguai), que também integra o comitê da
vice-presidência executiva e até recentemente era presidente da
Conmebol; Jack Warner (Trinidad e Tobago), ex-vice-presidente da Fifa e
ex-presidente da Concacaf; Julio Rocha (Nicarágua), presidente da
Federação Nicaraguense; Costas Takkas; Rafael Esquivel; Nicolás Leoz,
ex-presidente da Conmebol; e José Maria Marin, ex-presidente da
Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Ainda de acordo com o NYT, serão investigados ainda executivos de
marketing esportivo, entre eles Alejandro Burzaco, Aaron Davidson, Hugo
Jinkis, Mariano Jinkis e José Margulies.
A TV Globo esteve na residência de José Maria Marin, nos Jardins, em
São Paulo, onde não houve nenhuma movimentação pela madrugada. Há vários
dias ele não passa por ali, pois cumpre compromissos profissionais. Sua
mulher estaria no edifício.
US$ 100 milhões em propinas
O governo americano suspeita que dirigentes da Fifa gastaram mais de US$ 100 milhões em propinas desde os anos 90. Entre as acusações que os suspeitos enfrentam estão lavagem de dinheiro, crime organizado e fraude eletrônica.
O governo americano suspeita que dirigentes da Fifa gastaram mais de US$ 100 milhões em propinas desde os anos 90. Entre as acusações que os suspeitos enfrentam estão lavagem de dinheiro, crime organizado e fraude eletrônica.
"Representantes de meios esportivos e de empresas de marketing
esportivo estariam envolvidos em pagamentos a altos funcionários de
organizações do futebol (delegados da Fifa e outras pessoas de entidades
afiliadas à Fifa), em troca de direitos de transmissão e direitos de
marketing de competições organizadas nos Estados Unidos e na América do
Sul", afirma o ministério suíço da Justiça em um comunicado, que
informou atuar a pedido da promotoria do distrito leste de Nova York.
"Segundo o pedido de detenção americano, o acordo a respeito dos atos
teria sido concluído nos Estados Unidos, onde também aconteceram os
preparativos. Os pagamentos teriam transitado por bancos americanos",
afirma o comunicado.
Os dirigentes da Fifa estavam reunidos em Zurique para o encontro anual
da organização, marcado para sexta-feira (29), no qual o presidente
Sepp Blatter buscaria um quinto mandato. Eles foram detidos em seu
quartos, no hotel Baur au Lac. Não houve resistência.
Várias acusações de corrupção, investigadas pela imprensa, foram
relacionadas com a escolha das sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022
para Rússia e Qatar, respectivamente.
O príncipe jordaniano Ali bin al-Hussein, rival de Blatter na eleição
de sexta-feira (29), afirmou que as detenções representam "um dia
triste" para o futebol.
"Emergem detalhes, não seria apropriado fazer comentários no momento",
afirma em um breve comunicado o jordaniano, que baseou sua campanha na
tentativa de restaurar a integridade da Fifa, da qual é um dos
vice-presidentes.
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