Pedido surpreende; para advogado, polícia precisa de tempo para trabalhar
Jader
Marques, advogado de Elissandro Spohr, o Kiko, um dos sócios da boate
Kiss, em Santa Maria, pediu ontem à Justiça a prorrogação por 30 dias da
prisão provisória do empresário, um dos que a polícia responsabilizou
do incêndio que matou 239 pessoas na boate. O pedido, inusitado,
surpreendeu a polícia gaúcha e até a Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB).
Segundo Marques, o pedido é para permitir que a polícia
ganhe mais um mês para concluir as investigações sobre o incêndio,
ocorrido na madrugada de 27 de janeiro. O advogado criticou o trabalho
policial, que classificou como "atentado contra o direito de defesa".
-
Ele oferece sua liberdade para que a autoridade policial tenha tempo de
ouvi-lo, para deixá-lo exercer seu direito de defesa. Não há hipótese
de prisão preventiva, porque o réu não se opõe e nem dificulta o
inquérito. Entregar ao Ministério Público uma peça incompleta é dizer que materialmente a investigação não está pronta - alegou Marques.
O
advogado disse ainda que Kiko aceitou ser transferido para a
Penitenciária Estadual de Santa Maria, depois de receber alta do
hospital de Cruz Alta, para que fosse ouvido pela polícia. Marques
informou que o empresário quer contrapor as informações dos bombeiros
sobre a colocação da espuma tóxica no teto da Kiss, e também as do
engenheiro que recomendou o material, além de uma ex-funcionária da
boate que acusa o empresário como responsável pelo incêndio.
Além
disso, Kiko quer ser acareado com os dois integrantes da banda Gurizada
Fandangueira que estão presos, além de participar de nova
reconstituição do acidente.
- Possivelmente não há outra pessoa
capaz de identificar a Kiss, mesmo que sob escombros, com mais
facilidade do que ele. Kiko quer o direito de voltar à boate com os
peritos para explicar até onde a espuma cobria o teto - disse o
advogado.
Marques reclamou que a polícia não ouviu a namorada de
Kiko, Nathália Doronche, que estava na boate na noite da tragédia. Para o
advogado, a presença dela seria uma prova de que não houve dolo por
parte de Kiko.
A OAB refutou as acusações de cerceamento de
defesa por parte de Marques. Segundo o presidente da seccional Santa
Maria da OAB, Péricles da Costa, não há nenhuma anormalidade na
investigação policial:
- A OAB acompanha o inquérito desde o
princípio e não fez nenhuma observação que macule ou denote pressa ou
ânsia por parte da polícia em concluir a investigação. Pelo contrário. O
que observamos foi cuidado e rigor no trabalho. (O Globo)
Título e adaptação Araripe Informado
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