Partido divulgou cartilha em comemoração ao tempo que está na Presidência
SÃO PAULO - Para celebrar os 10 anos à frente do governo federal, o PT
vai distribuir uma cartilha de 15 páginas na quarta-feira, 20, aos
militantes que se reunirão em São Paulo com a presidente Dilma Rousseff e
o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nela, o partido ressalta o
que chama de "crescimento sustentável" da última década, a mobilidade
social e a distribuição de renda promovidas nos governos Lula-Dilma e
que resultaram, segundo o PT, na "sensível prosperidade econômica e
social" dos brasileiros.
Segundo o texto, no decênio que se iniciou em 2003, o Brasil "mudou
de rota". "A Frente Democrática e Popular, integrada pelo PT e um grupo
de partidos aliados, constituiu uma nova maioria política em que a
inclusão social de todos os brasileiros se tornou almejada e alavanca
básica do desenvolvimentismo", diz a cartilha.
O livreto intitulado "O Decênio que mudou o Brasil - PT 10 anos de
governo: do povo, para o povo, pelo povo" foi elaborado com apoio do
Instituto Lula e da Fundação Perseu Abramo. Segundo a cartilha, que traz
as imagens de Lula e Dilma na capa, nos últimos 10 anos foi revertida a
"decadência induzida pela rota da neocolonização neoliberal". Para o
PT, "o povo voltou a protagonizar mudanças, está altivo, recuperando a
autoestima".
Intitulando-se condutor de um projeto desenvolvimentista de um
"decênio glorioso", em oposição a um "projeto neoliberal", o PT tenta na
cartilha construir uma narrativa positiva de suas gestões sempre
comparando os dois modelos. Além dos textos autoelogiosos, as páginas
trazem tabelas e gráficos comparativos de indicadores econômicos e
sociais dos períodos 1995-2002, ou seja, o governo de Fernando Henrique
Cardoso, classificado como anos do "neoliberalismo", confrontando os
dados dos anos 2003-2012, dos governos Lula e Dilma, definidos como de
"desenvolvimentismo".
Na parte econômica, usando dados do Banco Central, Ipea e IBGE, o
documento do PT aponta que a inflação acumulada no governo FHC alcançou
106,5%, ante 76,5% nos anos Lula-Dilma. Ainda segundo esses dados, o PIB
per capita saiu de 6,4% para 27,6%, enquanto a relação dívida/PIB foi
de 143,3% sob o governo tucano para -41,1% nos anos do PT à frente do
Planalto. Ainda nessa comparação, a produtividade saiu de 0,3% para
13,2%.
Na área dos indicadores sociais, o texto ressalta a geração de 18,5
milhões de empregos do governo petista (contra 5 milhões dos oito anos
de governo Fernando Henrique Cardoso) e afirma que a gestão deu uma nova
dinâmica econômica e vem colaborando para a redução da miséria. "O
avanço da mobilidade social fundada na geração de empregos formais e nas
políticas públicas de proteção e promoção social torna a pobreza
diminuta, com cadente desigualdade na repartição da renda nacional
jamais vista em toda História nacional. Ainda para a década de 2010, a
perspectiva de superação da miséria e o rebaixamento dos padrões de
desigualdade para níveis civilizados deve se confirmar."
Consenso. Na visão dos petistas, o País "permaneceu
prisioneiro do estado crônico da semiestagnação" e submisso ao
"receituário neoliberal imposto pelo Consenso de Washington", o que
teria "apequenado" o Brasil e deixado 45 de cada 100 cidadãos na
condição de pobreza absoluta. "Nos governos neoliberais, o Brasil
convivia com a exclusão em alta, parecendo não ter condições de incluir a
todos", critica o texto.
O documento cita o Bolsa-Família, o Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC) e o Minha Casa, Minha Vida como instrumentos de seu
projeto desenvolvimentista. A cartilha petista afirma que seus governos
foram capazes de expandir a produção interna e combiná-la com a
distribuição de renda, estabelecendo assim um "patamar da desigualdade
de renda somente compatível com os chamados países desenvolvidos".
Entre os feitos de 10 anos de governo, o PT destaca o aumento do
salário médio real dos trabalhadores, a redução da taxa de juros e as
políticas de redução de custos às famílias e às empresas, como a
diminuição da conta de luz. "Aliado à política monetária e cambial, o
Brasil consegue enfrentar a crise global buscando fortalecer o seu
mercado interno, com a contínua redução da pobreza, da desigualdade de
renda e do desemprego", ressalta.
Dizendo-se capaz de "repartir do bolo" e fazer o País crescer, o
partido ataca o governo tucano por conceber um desenvolvimento nacional
atrelado às "forças de mercado" e acusa o governo FHC de fazer
privatizações "sem critérios e decência administrativa". "O resultado
efetivo dos 12 anos consecutivos de governos neoliberais foi um Brasil
aquém do seu potencial, conformado cada vez mais para os segmentos de
maior renda e poder. Sob o comando dos beneficiários do projeto
neoliberal, a regressão econômica e social avançou e condenou o País à
condição de subordinado e dependente da globalização. O país ficou à
deriva, dependendo dos interesses de plantão das economias capitalistas
centrais", enfatiza.
Já em suas considerações finais, o documento atribui o "sucesso atual
no enfrentamento do secular desequilíbrio social" à "ação organizada e
disciplinada de um partido, da força obstinada de seus militantes e
confiança e credibilidade de sua direção". Não há nenhuma menção ao
processo do Mensalão julgado em 2012 pelo Supremo Tribunal Federal
(STF).
O evento desta quarta-feira marcará o início de uma série de 10
seminários que serão feitos em todo o País. O primeiro acontecerá em
Fortaleza (CE) no dia 28 deste mês, com a presença do vice-presidente
nacional do PSB, Roberto Amaral. Hoje, em sua página no Facebook, o
ex-presidente publicou os depoimentos do economista Luiz Gonzaga
Belluzzo e do presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT),
Wagner Freitas, sobre "os 10 anos de governo popular e democrático".
(O Estadão)
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