Em clima de palanque e com frases de efeito, a presidente Dilma
Rousseff anunciou nesta terça-feira, 19, a ampliação do número de
brasileiros atendidos pelo programa Brasil Sem Miséria, o que permitirá
ao governo dizer que retirou 22 milhões de pessoas da miséria. “O Brasil
vira uma página decisiva na longa história de exclusão social”, disse
Dilma durante cerimônia no Palácio do Planalto.
A erradicação da pobreza extrema foi uma das promessas de campanha da
petista. “Não estamos dizendo que não haja mais brasileiros
extremamente pobres. O que estamos garantindo é que o mais difícil já
foi feito. Dito em outras palavras: por não termos abandonando o nosso
povo, a miséria está nos abandonando”, afirmou a presidente.
Acompanhada da ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello,
Dilma assinou a Medida Provisória que garante complemento em dinheiro
para 2,5 milhões de pessoas com renda per capita inferior a R$ 70 –
patamar estabelecido para o enquadramento na faixa de extrema pobreza.
“Sim, nós construímos a tecnologia social mais avançada do mundo”, disse
Dilma.
O benefício é para pessoas que recebem o Bolsa Família, mas possuem
renda per capita inferior a R$ 70 e, além disso, não se encaixam nas
regras do programa Brasil Carinhoso, que só contempla quem tem filhos de
até 15 anos. O governo avalia que a complementação de renda, a ser paga
a partir de março, representará um custo adicional de R$ 773 milhões só
neste ano.
Dilma enfatizou que o modelo de desenvolvimento construído no Brasil
desafia a “lógica simplista, o disse me disse da política pequena”. O
modelo, segundo ela, seria incompreendido pelos “conservadores”. “É por
isso que as correntes do pensamento conservador, aquelas mesmas
correntes que quase empurram o mundo para o abismo da crise, insistem em
não entender o Brasil e a originalidade do nosso modelo.”
Slogan. Ao final da cerimônia, Dilma chamou atenção
para faixa com o slogan “O fim da miséria é só um começo”, usada para
enfeitar a cerimônia. A frase, de autoria do marqueteiro João Santana,
faz parte das ações da presidente para cumprir a promessa de erradicar a
pobreza extrema no País, provável tema de sua campanha à reeleição em
2014.
Abaixo, os principais momentos da cerimônia:
12h36 - Dilma: “Quero aproveitar o espírito de
competição para propor um campeonato pela justiça e igualdade. Vamos
desvelar e varrer por completo a pobreza extrema e invisível do nosso
território.” “Vamos vencer esse campeonato e aí vamos entrar para
história como um país que de forma acelerada e determinada eliminou a
pobreza extrema.” “Vejo aqui nessa parede a frase “O fim da miséria é só
um começo”. Pra mim, essa frase é irmã de “País rico é país sem
pobreza”. (…) Sinto hoje imensa alegria ao ver que, juntos, tornamos
possível de realizar a meta de atingir o fim da pobreza extrema no País.
(…) Temos que vê-la como um início, nada mais que um início.” Dilma
encerra seu discurso.
12h34 - Dilma: “Sabemos que a superação da miséria
não se faz apenas pela renda. (…) O grande começo que estamos
apreendendo (agora) é o acesso ao emprego para os adultos e o acesso de
educação de qualidade para crianças e jovens.” “Nosso desafio agora é
garantir a educação integral e creche para os integrantes do Bolsa
Família.” Dilma destaca a participação dos Estados e municípios na
elaboração e atualização do cadastro e busca de famílias em situação de
pobreza ainda não atendidos pelo governo.
12h28 - Dilma: “O marco que comemoramos hoje não se
deu por mágica nem foi fruto do acaso. É fruto de 10 anos de tentativa e
de coragem de execução. Quando se tem boa política e se dá continuidade
a ela, os números se ampliam.” “O Brasil Sem Miséria é hoje o plano
social mais focado, mais amplo e mais moderno do mundo.”
12h21 - Dilma: “Nós construímos a tecnologia social
mais avançada do mundo. Um país só pode tirar 36 milhões de pessoas da
miséria com o Bolsa Família, quando, além de ter sensibilidade, possui
também capacidade técnica, qualidade de gestão, honestidade moral e
coragem política para gerar um feito dessa magnitude.” “Priorizamos as
mulheres, as mães, como as recebedoras dos recursos do Bolsa Família.”
“Não estamos apenas conseguindo extinguir a miséria, como estamos
exportando a tecnologia social. (…) Um fato que nos diferencia entre as
nações e é diferente do que está sendo praticado no mundo.” “É por isso
que as correntes do pensamento conservador insistem em não entender o
Brasil e a originalidade de nosso modelo.”
12h16 – Presidente Dilma: “Nessa sala eu já assinei
vários atos. Nenhum deles têm a força simbólica e a marca desse ato que
hoje assino. Com ele o Brasil vira uma página decisiva na longa história
de exclusão social.” “Nesse ato há um detalhe marcante: eles são dos
últimos brasileiros (inscritos nos programas do governo) extremamente
pobres a transporem a linha da miséria. Não estamos dizendo que não haja
mais brasileiros extremamente pobre (…) por isso o Estado deve ir
atrás. O que estamos garantindo é que o mais difícil já foi feita. Que
superemos prazos e metas e que falta pouco. É isso o que estamos
dizendo. Dito em outras palavras: por não termos abandonando no nosso
povo, a miséria está nos abandonando.”
12h07 - Governador de Sergipe: “Hoje é um dia
histórico para aqueles que integram seu governo. É um dia histórico para
os prefeitos, sem os quais essa meta não seria alcançada”, diz Marcelo
Déda em um discurso repleto de elogios aos governos Dilma e Lula e com
direito a referências a Camões e Fernando Pessoa. Foi aplaudido de pé ao
final do discurso. Dilma assina a Medida Provisória que amplia o número
de famílias que poderão receber recursos e, assim, saírem da linha de
extrema pobreza.
11h58 - O governador sergipano afirma que o slogan
usado por Dilma (“O fim da miséria é só um começo”) não é apenas marca
da administração, mas o compromisso político da presidente. A exemplo da
prefeita de Arapiraca, o governador petista rasga elogios a Dilma. O
slogan usado para o programa deve ser usado na campanha eleitoral da
presidente em 2014.
11h54 - Prefeita de Arapiraca (AL), Célia Rocha, discursou. Agora o governador de Sergipe, Marcelo Déda (PT), tem a palavra.
11h44 - A ministra afirma que agora o foco da pasta é
identificar as famílias ainda não contempladas pelos programas de
renda. “Já localizamos quase 800 mil famílias (ainda não cadastradas) e
com apoio dos prefeitos pretendemos localizar outras 700 mil, que é
nossa estimativa.” “Não vamos nos limitar à miséria monetária”, diz a
ministra para afirmar que o Cadastro Único serve de guia para ações nas
áreas de educação e de trabalho. “É o mapa da pobreza”, define.
11h39 - Segundo a ministra, 70% dos chefes de
família beneficiados pelo Bolsa Família trabalham, mas são
mal-remunerados. Os critérios de repasse de recurso vão levar em
consideração o grau de pobreza. A expectativa é de que, com a medida
anunciada nesta terça, 2,5 milhões de pessoas deixarão a linha de
extrema pobreza. Com isso, o governo atinge 22 milhões de atendidos pelo
programa. Os R$ 70 são o patamar estabelecido para o enquadramento na
faixa de extrema pobreza.
11h31 - Ministra resgata programas do governo Lula
na área social, como o Bolsa Família. Afirma que o Brasil Carinhoso,
lançado por Dilma, mudou as formas de repasse de renda do Bolsa Família.
Anuncia que a partir de 18 de março os beneficiários do Bolsa Família
vão receber R$ 70. “São os últimos beneficiários a ultrapassar a linha
da miséria”, diz a ministra.
11h26 – Após exibição de um filme institucional
sobre o programa Brasil Sem Miséria, a ministra do Desenvolvimento
Social, Tereza Campello, abre a cerimônia. (O Estadão)
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