BRASÍLIA, 17 Jun - A presidente Dilma Rousseff disse nesta
segunda-feira que considera as "manifestações pacíficas legítimas", em
meio à onda de protestos nas principais cidades do país.
A
ministra-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência,
Helena Chagas, afirmou que "a presidente considera que as manifestações
pacíficas são legítimas e são próprias da democracia e que é próprio dos
jovens se manifestarem". A mensagem foi transmitida pela ministra a
jornalistas no Palácio do Planalto a pedido de Dilma.
A
presidente reuniu-se com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo,
para receber um relato sobre o quadro de manifestações no país, segundo a
ministra.
Os protestos, inicialmente convocados para
reivindicar contra o aumento nas tarifas de ônibus, levaram dezenas de
milhares de manifestantes às ruas de capitais nesta segunda-feira.
Autoridades temiam embates violentos e depredações, como ocorreu na
semana passada em São Paulo.
No fim de semana, manifestantes e
policiais também se enfrentaram em protestos contra os gastos de
recursos públicos nos preparativos para a Copa do Mundo antes das
partidas pela Copa das Confederações entre Brasil e Japão, em Brasília, e
México e Itália, no Rio de Janeiro.
Em Brasília, manifestantes
chegaram a ocupar a área da cobertura do Congresso Nacional no início da
noite desta segunda-feira, mas não chegaram ao Planalto, onde a
segurança foi reforçada.
COPA DO MUNDO
A presidente
também pediu que o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) abrisse
o diálogo com manifestantes, principalmente aqueles que questionam os
gastos do governo federal com a Copa do Mundo de 2014.
Gilberto
disse que "se é um sentimento de que a Copa não é adequada... se há esse
sentimento, vamos informar qual o investimento que fizemos nos Estados
em infraestrutura".
O ministro fez questão de frisar, em
declaração a jornalistas, que as manifestações representam um novo
fenômeno e que passam pelo momento mais tenso e que o diálogo é a única
forma de solucionar os impasses.
"Esse é um momento muito especial de muita tensão e nós queremos agora, no diálogo com o movimento, virar essa página", disse.
Segundo ele, os protestos não vão causar problemas para a realização de
grandes eventos no país e que esses jovens têm algo a dizer e precisam
ser ouvidos.
"De maneira alguma esses eventos vão pôr em risco os grandes eventos", disse.
"Nós vamos caminhar por uma vertente que valorize essa mobilização e
que possa também chamar esses jovens para a maturidade de compreenderem o
significado que tem para o país um evento dessa magnitude", argumentou.
Ele alertou ainda que não se deve usar essas manifestações para tirar proveito político.
"É bom que ninguém se precipite em tirar proveito político de um lado e
de outro dessa história, porque acho que a coisa é um pouco mais
complexa e diz respeito provavelmente a um novo tipo (de protestos)",
afirmou.
Uma fonte do governo ouvida pela Reuters afirmou que no
caso de São Paulo há pouca margem para envolvimento direto da
administração federal. Isso porque os manifestantes tinham como bandeira
principal a redução do preço do transporte público e, agora, a
reivindicação derivou para o "direito de se manifestar", depois da
reação da polícia na última quinta-feira.
O governo federal
avalia, porém, segundo essa fonte que falou sob condição de anonimato,
que no caso das manifestações que contestam os gastos para realização da
Copa do Mundo de 2014 é necessário agir para dialogar e esclarecer os
investimentos federais.
(Reportagem de Jeferson Ribeiro)
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