Meus amigos: A Globo (a mídia) deveria nos representar
Naqueles primeiros dias dos protestos, quando os manifestantes passaram na frente do prédio da Globo, em São Paulo, eles gritaram: “A Globo não nos representa!”. Na verdade, as televisões em geral (praticamente todas, desgraçadamente!), mas especialmente a Globo (que aqui deve ser citada pela sua força e sua liderança, o que lhe permitiria escutar o lado sensato da população nas ruas e ser independente do telelixo globalizado), nunca conseguiram criticamente se livrar (ou se livrar completamente) do modelo norte-americano de fazer televisão, que consiste em tentar infantilizar e imbecilizar a população por meio de um “telelixo” cultural e sanguinário, para aumentar seus ganhos e atender os propósitos consumistas da sociedade neoliberal. O comprometimento ideológico com o modelo mundial injusto de acumulação, que ganhou contornos midiáticos-financeiros desde a década de 70, marcado pela profunda injustiça social, sempre impediu que a mídia em geral fizesse uma séria autocrítica, fixando, para ela mesma, um rígido código deontológico que revelasse seu compromisso ético com o ser humano visto como ser humano. A mídia brasileira, como acertadamente sublinhou Arnaldo Jabor (O Estado de S. Paulo de 18.06.13, p. C10), “é uma narrativa de fracassos, de impunidades, de ‘quase-vitórias’, de derrotas diante do Mal, do bruto e do escroto”. Acima de tudo, ela é sanguinária e extremamente perniciosa para a formação psicológica das crianças (como demonstram incontáveis pesquisas científicas sérias nessa área). Mas o que mais assombra não é a superficialidade do seu enfoque, o maniqueísmo das suas posições, a simplificação da iconoclastia (uma imagem vale por mil palavras), a aberrante criação e distorção da realidade, a exploração cruel dos estereotipados marginais, a difusão da violência, a manipulação das massas para atendimento dos seus fins ideológicos e comerciais, as mentiras que contam ou tudo aquilo que não contam, as imagens que não mostram (das diretas já, por exemplo), as imagens que manipulam, nada é mais assombroso que sua persistente carência (absoluta ou relativa, conforme cada momento) de limites éticos, entendendo-se a ética como “a arte de viver bem humanamente” (Savater), ou seja, respeitando-se todas as pessoas em sua dignidade, assim como em sua indignação legítima, que não tem nada a ver com os atos de vandalismo inimigos da democracia. Avante Brasil!
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