terça-feira, 18 de junho de 2013

A República Federativa da multidão insatisfeita - Diário de Pernambuco (Brasil)

 
 Em Brasília, manifestantes conseguiram invadir a área externa do Congresso Nacional

Milhares de pessoas invadem as ruas nos protestos que se espalharam por ao menos 13 capitais
A reação ofensiva policial em São Paulo na última quinta-feira desencadeou uma série de mobilizações por todo o país e fora dele. Além de Brasília, 12 capitais brasileiras foram palco de manifestações, entre elas o Recife. No Rio de Janeiro, a maior de todas, cerca de 100 mil pessoas se reuniram na Avenida Rio Branco e alguns manifestantes chegaram a atear fogo um carro na Assembleia Legislativa. Em São Paulo viveu ontem o quinto ato contra o aumento nas tarifas do transporte público. cerca de 65 mil o número de manifestantes. As ruas de Belo Horizonte, de Curitiba, de Belém e de Porto Alegre também foram tomadas por milhares de pessoas (ver quadro).
Rio
Roupa branca e flores na mão. O uniforme escolhido para o encontro indicava um protesto exemplar, pacífico e sem qualquer sinal de vandalismo. Durante três horas, a presença de 150 policiais do Rio de Janeiro foi necessária apenas para acompanhar a passeata que partia da praça da Candelária, no centro da cidade. Por volta de 20h, porém, um grupo se dispersou do principal e iniciou uma das manifestações mais agressivas da noite. O alvo foi a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), que acabou depredada, assim como bancos e lojas. Manifestantes ainda atearam fogo em um veículo do lado de fora do prédio, o que causou uma reação policial e a chegada do Batalhão de Choque.
De 17h até 19h55, a imagem da manifestação na capital fluminense era de paz. Integrantes do protesto vaiavam os que motivavam o vandalismo e exibiam cartazes repreendendo ações violentas. Além de reclamar do aumento de preço das passagens, eles exibiam cartazes contra o governador Sérgio Cabral, o prefeito Eduardo Paes e a presidente Dilma Rousseff, que foi representada por uma boneca vestida de presidiária.
Aos poucos, um número menor de rebeldes se afastou rumo à Alerj, que passou a ser atingida por pedras, fogos de artifício e bombas caseiras. Cerca de 50 policiais que cercavam o prédio dispararam balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta contra os manifestantes, em seguida, se abrigaram dentro da assembleia.
De acordo com a PM, pelo menos 20 agentes ficaram feridos por horas sem atendimento dentro do prédio porque os bombeiros tiveram dificuldade de acessar o local.
No auge do tumulto, às 20h30, um veículo estacionado ao lado da Alerj foi virado de cabeça para baixo e incendiado em seguida, dando início à correria. Bombeiros foram acionados para conter o fogo e desligaram os postes de energia da região. Outros ativistas espalharam lixo pelas ruas, pixaram paredes, quebraram vidros e equipamentos, e arrombaram lojas, agências bancárias e cartórios. Até as 22h30, policiais militares continuavam encurralados na assembleia e a Polícia de Choque ainda não havia sido acionada. O presidente da Alerj, Paulo Melo (PMDB), condenou o que chamou de ato de vandalismo no prédio público. Quanto um ato agride ou coloca pessoas em risco, deixa de ser democracia para virar uma anarquia, uma baderna, as pessoas vão embora, mas os baderneiros ficam, afirmou.
Por volta de 23h, cerca de 100 pessoas conseguiram invadir o prédio e colocaram fogo em uma porta da assembleia, enquanto outros manifestantes continuavam jogando pedras e objetos pesados. De acordo com a Secretaria de Saúde do Rio, até esse horário, sete pessoas feridas haviam sido levadas para o Hospital Souza Aguiar, no centro da cidade.
São Paulo
Embora a manifestação de ontem na capital paulista tenha sido a maior desde o primeiro protesto, em 6 de junho, também foi a mais pacífica. O ato começou às 17h e, no decorrer da passeata, os manifestantes ocuparam locais de grande movimentação, como a Avenida Paulista, palco de um dos principais confrontos entre policiais e manifestantes na semana passada, e também a Marginal Pinheiros. As vias foram bloqueadas e o trânsito ficou complicado. (Júlia Chaib e Juliana Colares)
Mobilização pelas redes sociais
Organizadas pela internet, as manifestações que tomaram conta do Brasil ontem passaram o dia no topo da Trend Topics mundial uma lista dos assuntos mais comentados na rede. A exemplo da Primavera Árabe, como ficou conhecida a revolução que se espalhou por 14 países e derrubou ditadores e presidentes a partir de 2010, no Brasil, grupos insatisfeitos se organizaram em redes sociais para protestar contra os preços das passagens de ônibus, a qualidade dos serviços públicos, o aumento do custo de vida e a PEC 37, que pode retirar poderes do Ministério Público. No Twitter, destaque para #VerásQueUmFilhoTeuNãoFogeALuta,

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