Se continuar atual ritmo de homicídios, Pernambuco pode chegar às 4 mil mortes até o final do ano
Alerta
foi feito por entidades ligadas à segurança pública em debate na Assembleia Legislativa
A participação do secretário de Defesa
Social, Alessandro Carvalho, no debate realizado pela Assembleia Legislativa
sobre o Pacto pela Vida, não esclareceu pontos importantes sobre o aumento da
violência em Pernambuco no último ano. Desde março de 2014, o Estado não tem
cumprido com as metas do Pacto, com incrementos permanentes no número de
homicídios. Até o último dia 12 de abril, foram 1.124 mortes, de acordo com
levantamento apresentado pelo Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol). Nos três
primeiros meses de 2015, o aumento é de 18%, quase 200 assassinatos a mais do que
o mesmo período do ano passado.
Realizado a pedido da Bancada de Oposição
na Assembleia Legislativa, o debate reuniu além do secretário estadual e
parlamentares, entidades ligadas ao setor e especialistas. Ao final, a
constatação de que eixos fundamentais para o bom funcionamento do programa não
têm sido atendidos, a exemplo da valorização profissional e de um choque de gestão
que reúna a liderança direta do governador do Estado e o amplo engajamento de diversas
secretarias estaduais e sociedade.
O líder da bancada de oposição, deputado
estadual Silvio Costa Filho (PTB), lembrou que o programa foi criado em 2007
justamente para combater um índice de mais de 4 mil assassinatos que vinha se
repetindo ano a ano. “A nossa
preocupação é que se a violência continuar nesta proporção, este programa pode
voltar à estaca zero”, constatou. Silvio acredita que o atual Governo do Estado
não tem demonstrado capacidade para liderar um programa desta dimensão. “Não é
apenas um secretário que vai resolver os problemas da violência. Isto precisa
ser feito a partir de uma parceria muito maior. O governador precisa tratar
isto como prioridade, como fez Eduardo Campos”, comparou.
Para Silvio, é preciso que se crie uma
segunda etapa do Pacto pela Vida, “com ações concretas que vão desde a
contratação de novos agentes da segurança pública, a valorização destes
profissionais, a ampliação das parcerias com os municípios e a fiscalização das
fronteiras estaduais”.
Mesmo integrando a base do governo Paulo
Câmara, o deputado Joel da Harpa (PROS) fez duras críticas ao tratamento dado
pela política de segurança pública estadual aos policiais civis e militares.
“Precisamos criar o Pacto pela Vida dos policiais de Pernambuco. Não há uma
preocupação de quantos policiais morreram nestes oito anos de programa. Quantos
morreram de enfarte, por exemplo. A tropa da PM está cansada. Trabalha 12 horas
e tem que trabalhar mais oito horas na folga. Eu faço parte da base do governo
mas não vou tapar o sol com a peneira”, protestou.
O presidente do Sindicato dos Policiais
Civis, Áureo Cisneiros, voltou a apontar as condições precárias de trabalho dos
agentes, a falta de infraestrutura em delegacias e IML’s, e disse que o
governador tem feito “ouvido de mercador” às reivindicações da categoria. “Não
aguentamos mais esta situação. Pior
salário do país, com instalações desumanas. Se tiver que paralisar a polícia
civil agora em maio, vamos paralisar. Não dá mais para trabalhar assim. Estamos
avisando de antemão”.
Após uma apresentação que reuniu números
positivos do Pacto pela Vida, mas que não se ateve aos problemas enfrentados no
último ano e nos três primeiros meses de 2015, o secretário de Defesa Social,
Alessandro Carvalho, afirmou que o programa é objeto permanente de avaliação
por parte do Governo. Estudiosa do tema, a socióloga Ana Paula Portela afirmou
que o secretário deixou de esclarecer
porque o Pacto não vem dando certo. Para ela, ainda faltam medidas essenciais,
como a prevenção social do crime, a falta de informações sobre projetos em
andamento e falhas no processo de formação de policiais.
Jornal Online Araripe Informado
Jornal Online Araripe Informado
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