terça-feira, 7 de maio de 2013

Sete testemunhas já foram ouvidas no segundo dia de julgamento do caso PC Farias


São Paulo Sete testemunhas já foram ouvidas hoje (7), segundo dia de julgamento dos acusados de envolvimento no assassinato de Paulo César Farias, conhecido como PC Farias, e da namorada, Suzana Marcolino, em 1996. Entre os ouvidos está um dos irmãos de PC, o ex-deputado Augusto César Farias, que chegou a ser apontado como mandante do crime no início do inquérito. Também foi ouvida Milane Valente, ex-namorada de Augusto.
Ontem (6), foram ouvidas duas testemunhas: o caseiro da casa de praia onde o empresário foi morto, Leonino Carvalho, e o garçom Genival da Silva França, que serviu a última refeição do casal.
De acordo com a assessoria de imprensa do Tribunal de Júri de Maceió, a previsão é que o julgamento prossiga até as 21h, uma hora a mais do que ontem (6), por determinação do juiz Maurício Breda, da 8ª Vara Criminal. Ao longo de todo o julgamento, que deve terminar na sexta-feira (10), serão ouvidas 25 testemunhas, entre acusação e defesa.
Os réus são Adeildo Costa dos Santos, Reinaldo Correia de Lima Filho, Josemar Faustino dos Santos e José Geraldo da Silva, policiais militares que trabalhavam como seguranças de PC. O Ministério Público pede a condenação dos quatro por homicídio qualificado. Segundo a tese do promotor Marcos Mousinho, os quatro participaram do crime, no mínimo, por omissão, uma vez que deveriam garantir a integridade do empresário. A promotoria tenta desmontar a tese de crime passional, em que Suzana teria matado PC e se suicidado em seguida.


POLÊMICA:


O revólver Rossi 38 Special do qual comprovadamente saíram as balas que mataram Paulo César Farias e Suzana Marcolino em junho de 1996 não tinha nenhuma impressão digital da namorada de PC.

O tipo de munição usada nos crimes contém chumbo, bário, antimônio, cobre e zinco. Todos os exames laboratoriais detectaram ausência dessas substâncias nas mãos de Suzana.

Apesar de todas essas constatações, a primeira investigação da polícia de Alagoas sustentou em 1996 que Suzana assassinara PC com um tiro e se suicidara em seguida, também com um só disparo certeiro.

Em 1999, uma nova investigação policial descartou a versão de homicídio-suicídio, concluindo que PC e Suzana foram mortos por outra (s) pessoa (s). A ausência das digitais da namorada na arma, e a inexistência de chumbo, bário, antimônio, cobre e zinco nas mãos contribuíram para o indiciamento de nove pessoas por duplo homicídio.

Em seguida, o Ministério Público denunciou (acusou formalmente) oito delas. A Justiça entendeu haver provas para levar quatro seguranças de PC a júri popular (ou seja, pronunciou-os). O julgamento começou ontem em Maceió, quase 17 anos depois do crime.

Em outras palavras, a polícia (no inquérito), o Ministério Público (na denúncia) e a Justiça de Alagoas (no pronúncia) consideraram haver provas de que a versão original de 1996 (homicídio-suicídio) estava incorreta.

PC Farias foi o caixa de campanha de Fernando Collor de Mello em 1989. Até o impeachment do presidente, em 1992, PC operou um esquema de corrupção em torno do Planalto. Paulo César e sua namorada Suzana Marcolino apareceram mortos numa casa de praia de Maceió em junho de 1996.

Teste de digitais

As conclusões policiais divergentes em 1996 e 99 se fundamentaram em laudos de equipes diferentes de peritos. Um dos integrantes da primeira equipe afirmou que não havia digitais de Suzana na arma porque a superfície do cabo é “rugosa”. Essa equipe não fez nenhum teste específico para sustentar a hipótese.

Em 1997, o especialista em balística Domingos Tochetto, então professor da Escola Superior da Magistratura do Rio Grande do Sul, simulou o que teria ocorrido se Suzana tivesse mesmo atirado.

Foi usada uma arma igual à que matou PC e Suzana. Vinte pessoas _17 mulheres e três homens_, a pedido de Tochetto, carregaram o revólver e o empunharam. Não ficaram registradas impressões digitais no cabo, mas em todos os 20 casos foram deixadas duas ou três impressões na armação e no tambor, onde se acomodam as balas.

Essas partes da arma são feitas de aço inoxidável. “Haveria algum indício se o revólver tivesse sido manipulado por Suzana, haveria impressão digital”, concluiu Tochetto.

Mais: mesmo que alguém depois tivesse limpado as digitais, as de Suzana teriam permanecido no tambor, se ela tivesse carregado a arma com projéteis, afirmou o perito.

Suzana teve morte instantânea. Não teria como ter limpado a arma depois de se matar.

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