São Paulo Sete testemunhas já foram ouvidas hoje (7), segundo dia de julgamento dos acusados de envolvimento no assassinato de Paulo César Farias, conhecido como PC Farias, e da namorada, Suzana Marcolino, em 1996. Entre os ouvidos está um dos irmãos de PC, o ex-deputado Augusto César Farias, que chegou a ser apontado como mandante do crime no início do inquérito. Também foi ouvida Milane Valente, ex-namorada de Augusto.
Ontem (6), foram ouvidas duas testemunhas: o caseiro da casa de praia onde o empresário foi morto, Leonino Carvalho, e o garçom Genival da Silva França, que serviu a última refeição do casal.
De acordo com a assessoria de imprensa do Tribunal de Júri de Maceió, a previsão é que o julgamento prossiga até as 21h, uma hora a mais do que ontem (6), por determinação do juiz Maurício Breda, da 8ª Vara Criminal. Ao longo de todo o julgamento, que deve terminar na sexta-feira (10), serão ouvidas 25 testemunhas, entre acusação e defesa.
Os réus são Adeildo Costa dos Santos, Reinaldo Correia de Lima Filho, Josemar Faustino dos Santos e José Geraldo da Silva, policiais militares que trabalhavam como seguranças de PC. O Ministério Público pede a condenação dos quatro por homicídio qualificado. Segundo a tese do promotor Marcos Mousinho, os quatro participaram do crime, no mínimo, por omissão, uma vez que deveriam garantir a integridade do empresário. A promotoria tenta desmontar a tese de crime passional, em que Suzana teria matado PC e se suicidado em seguida.
POLÊMICA:
O revólver Rossi 38 Special do qual comprovadamente saíram as balas que mataram Paulo César Farias e Suzana Marcolino em junho de 1996 não tinha nenhuma impressão digital da namorada de PC.
O tipo de munição usada nos crimes contém chumbo, bário, antimônio, cobre e zinco. Todos os exames laboratoriais detectaram ausência dessas substâncias nas mãos de Suzana.
Apesar de todas essas constatações, a primeira investigação da polícia de Alagoas sustentou em 1996 que Suzana assassinara PC com um tiro e se suicidara em seguida, também com um só disparo certeiro.
Em 1999, uma nova investigação policial descartou a versão de homicídio-suicídio, concluindo que PC e Suzana foram mortos por outra (s) pessoa (s). A ausência das digitais da namorada na arma, e a inexistência de chumbo, bário, antimônio, cobre e zinco nas mãos contribuíram para o indiciamento de nove pessoas por duplo homicídio.
Em seguida, o Ministério Público denunciou (acusou formalmente) oito delas. A Justiça entendeu haver provas para levar quatro seguranças de PC a júri popular (ou seja, pronunciou-os). O julgamento começou ontem em Maceió, quase 17 anos depois do crime.
Em outras palavras, a polícia (no inquérito), o Ministério Público (na denúncia) e a Justiça de Alagoas (no pronúncia) consideraram haver provas de que a versão original de 1996 (homicídio-suicídio) estava incorreta.
PC Farias foi o caixa de campanha de Fernando Collor de Mello em 1989. Até o impeachment do presidente, em 1992, PC operou um esquema de corrupção em torno do Planalto. Paulo César e sua namorada Suzana Marcolino apareceram mortos numa casa de praia de Maceió em junho de 1996.
Teste de digitais
As conclusões policiais divergentes em 1996 e 99 se fundamentaram em laudos de equipes diferentes de peritos. Um dos integrantes da primeira equipe afirmou que não havia digitais de Suzana na arma porque a superfície do cabo é “rugosa”. Essa equipe não fez nenhum teste específico para sustentar a hipótese.
Em 1997, o especialista em balística Domingos Tochetto, então professor da Escola Superior da Magistratura do Rio Grande do Sul, simulou o que teria ocorrido se Suzana tivesse mesmo atirado.
Foi usada uma arma igual à que matou PC e Suzana. Vinte pessoas _17 mulheres e três homens_, a pedido de Tochetto, carregaram o revólver e o empunharam. Não ficaram registradas impressões digitais no cabo, mas em todos os 20 casos foram deixadas duas ou três impressões na armação e no tambor, onde se acomodam as balas.
Essas partes da arma são feitas de aço inoxidável. “Haveria algum indício se o revólver tivesse sido manipulado por Suzana, haveria impressão digital”, concluiu Tochetto.
Mais: mesmo que alguém depois tivesse limpado as digitais, as de Suzana teriam permanecido no tambor, se ela tivesse carregado a arma com projéteis, afirmou o perito.
Suzana teve morte instantânea. Não teria como ter limpado a arma depois de se matar.
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