Cidade onde promotor do MPPE Thiago Faria atuava e foi morto é marcada por violência e pistolagem
Por Jamildo Melo
Leia sobre o caso e entenda tanta violência:
Nesta segunda-feira atípica, a cidade de Itaíba, na região de Garanhuns, conhecida pela violência e por crimes de pistolagem, além de brigas de famílias, foi envolta em silêncio e medo, depois da confirmação da morte brutal, a tiros, a caminho do trabalho, do promotor do MPPE Thiago Faria, no começo da manhã.
Todos os promotores de Garanhuns desceram para a cidade. Nas rodovias, barreiras foram montadas. O policiamento na cidade foi reforçado.
“A tristeza tomou conta da cidade. Muitas pessoas lamentam o ocorrido, mas ninguém comenta nada porque estão aterrorizadas”, conta a vereadora do PT Mônica Albuquerque, de 32 anos. “Não é para menos. Ver um promotor, um símbolo da Justiça, assassinado desta forma? Imagina os mais vulneráveis”, questiona.
A jovem vereadora, por exemplo, vive há oito anos sob escolta policial permanente, desde que um tio e um primo foram assassinados na cidade. Ela conta que pediu para restabelecer a escola, com PMs de sua confiança, mas até agora não tem sido ouvida.
De 11 vereadores, apenas três são da oposição. Dois do PHS e a petista Mônica Albuquerque.
Ela é prima em primeiro grau do atual prefeito do município, Juliano Martins, do PSDB, mas adversárias política da família Claudiano Martins desde sempre. O atual prefeito é irmão do deputado estadual Claudiano Martins Filho. “Como sou visada, estou há 130 quilõmetros da cidade, hoje”, conta.
A vereadora prefere não comentar nada quando é perguntada sobre o que poderia ser a motivação para a morte do jovem promotor.
Ela conta ao Blog de Jamildo que a primeira vez que um pedido de proteção policial foi feito foi em 2005, quando o responsável pelo MPPE era Francisco Sales.
“O pedido de proteção foi feito no dia 17 de outubro e dez dias depois meu primo foi assassinado”, diz, informando que o primo havia fundado o PT na cidade e cuidava também do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST), com cerca de mil famílias. “Ele era de oposição e tinha força política”, diz.
Antes, em 2003, já havia sido assassinado o tio Fernando Martins. Leia mais sobre Fernando Martins aqui. Numa cidade pequena, vários políticos são parentes próximos. A mãe da mais combativa vereadora de oposição é irmã do ex-prefeito Claudiano Martins, que domina a política local há varios anos.
A vereadora do PT historia que tudo começou quando foi realizada uma audiência pública em 2003 sobre conflitos de terra. “A audiência foi realizada em 11 de setembro. Com quatro dias, meu tio Fernando Martins foi assassinado, a mando de Claudiano (Martins) e outros. Até o delegado da cidade na época foi chamado para participar dos crimes, mas como se negou, recebeu uma sentença de morte”, declara a vereadora.
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Antes de Thiago Faria, o promotor de Justiça Rossini Alves Couto foi assassinado, em 2005, na cidade de Cupira. O ex-policial militar José Ivan Marques de Assis, um dos acusados de matar o promotor, foi condenado a 24 anos de detenção por homicídio triplamente qualificado.
Desde junho de 2004, o policial havia sido excluído da Polícia Militar em decorrência de crime de tortura na comarca de Agrestina, denúncia apresentada pela promotora Sara Souza Silva, esposa de Rossini. José Ivan foi então trabalhar em Cupira e acabou representado também por Rossini Alves Couto por intermediar a soltura de presos da cadeia local mediante pagamento em dinheiro.
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