domingo, 20 de outubro de 2013

Ameaças de morte eram constantes, dizem trabalhadores da fazenda onde promotor assassinado morava


O ódio de Zé Maria por ter perdido as terras da Fazenda Nova para a advogada Misheva Martins, noiva do promotor da Comarca de Itaíba, Thiago Faria, era tamanho que as ameaças se tornaram constantes a ela, aos pais dela, que passaram a viver no local, e ao próprio Thiago. Funcionários da fazenda quebraram o silêncio e relataram que o homem mais procurado do estado declarou, inúmeras vezes, que iria usar uma faca para "rolar o pescoço dela (Misheva) e colocar a cabeça em cima de uma estaca" da fazenda. 

Policiais que investigam o caso contaram, em reserva, que as ameaças entre o suspeito e o promotor eram mútuas. "Desde que Seu Lourinho (pai da advogada) passou a viver aqui na fazenda, Zé Maria vinha ao local para dizer que não iria aceitar isso. Falava que ia matar Misheva. Seu Lourinho mandou cortar as mangueiras da fonte d'água para que não chegassem ao terreno e a água fosse levada por Zé Maria", disse um dos funcionários. A disputa pela fonte d'água foi destacada pela polícia como um dos interesses do suspeito pelas terras.

Zé Maria também não aceitava que o promotor interferisse no caso para beneficiar a noiva, por isso a "rixa" entre os dois. Segundo relatos de policiais, a vítima ia à residência do suspeito e afirmava que ele tomasse cuidado porque era promotor de Justiça. Zé Maria trocava farpas e, até para pessoas próximas, teria jurado vingança.

A briga entre famílias seria antiga. Há cerca de 29 anos, o suspeito teria sofrido um atentado supostamente praticado por Seu Lourinho. O relato é do filho de Zé Maria, Leandro Ubirajara. Nesta quinta-feira, a empregada do suspeito, a única pessoa que vive na casa dele, nos últimos dias, conversou com o Diario. Contou que, na segunda-feira pela manhã, o patrão estava tranquilo e seguiu a rotina normalmente. 

"Ele saiu de casa para pagar trabalhadores e almoçou. Depois chegaram pessoas aqui e disseram que ele era suspeito da morte do promotor. Todos ficamos surpresos", relatou. "Ele foi embora só. Não sei se levou malas, dinheiro, nem para onde foi. A mulher teve crise de nervos e foi para Garanhuns. Ele é uma pessoa tranquila, não acredito que fez isso, pois não tinha problema com ninguém". 

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