sábado, 16 de agosto de 2014

Cinco possíveis cenários da eleição sem Eduardo Campos


A queda do jato em que se encontrava o candidato à presidência Eduardo Campos também tirou do rumo previsto a eleição para o Planalto e criou novos possíveis cenários para a disputa do pleito.
O mais provável é a confirmação da candidata a vice, Marina Silva, como nova cabeça de chapa graças a seu bom retrospecto eleitoral, mas seu nome esbarra em obstáculos como resistências internas do PSB - o que pode levar à busca de candidaturas alternativas.
Oficialmente, os líderes do PSB evitam confirmar prognósticos. Uma das razões para a prudência é respeitar um período mínimo de luto pela perda da principal figura nacional do partido. Outro motivo é que, embora Marina Silva seja uma alternativa com peso político, sua devoção à criação de um partido próprio e a resistência a acordos regionais formulados por Campos a indispõe com quadros do PSB, a exemplo da ala paulista. Em São Paulo, a sigla firmou apoio ao PSDB de Geraldo Alckmin contra a vontade da candidata - que ainda não se manifestou sobre a disputa eleitoral desde a morte de Campos.
- Foi tudo muito recente, então não definimos nada sobre o futuro político. Nem a Marina está pensando nisso ainda - afirma a secretária da Executiva Nacional do PSB Mari Trindade.
Reservadamente, porém, como em uma reunião realizada com líderes nacionais nesta quinta-feira, já são alinhavados os primeiros planos para o futuro do PSB e da eleição presidencial de 2014.
- Será muito difícil que não seja escolhida pela convergência que se criou sobre o nome da Marina - avalia o cientista político e coordenador do curso de Ciências Sociais da Ulbra, Paulo Moura.
A coligação tem 10 dias, a contar de quarta-feira, para apresentar uma nova candidatura. A propaganda eleitoral gratuita deverá começar, na terça-feira, ainda sem uma definição. Confira, a seguir, alguns dos cenários mais prováveis e que fatores pesam contra ou a favor para cada um deles.
1. Candidatura de Marina Silva
A favor: a candidata somou perto de 20 milhões de votos na eleição passada e poderia captar parte do eleitorado de Dilma e de Aécio. Em uma pesquisa Datafolha publicada em abril, somente Marina Silva garantia um segundo turno com Dilma entre cinco cenários avaliados, com 27% dos votos. O irmão de Eduardo, Antônio Campos, já afirmou que gostaria de vê-la candidata. Líderes dos partidos que compõem a coligação e do próprio PSB já defenderam publicamente o nome de Marina, como o deputado federal Júlio Delgado (PSB/MG).
Contra: encontra resistências de empresários e representantes do agronegócio desde sua gestão como ministra do Meio Ambiente (2003 a 2008) do governo Lula. Além disso, é contrária a acordos políticos costurados em Estados como São Paulo (com PSDB) e Rio de Janeiro (com PT), o que exigiria difíceis negociações. Outro fator é que seu projeto político é implantar seu próprio partido, a Rede Sustentabilidade. Nesse caso, mesmo em caso de sucesso na eleição, o PSB poderia acabar sem um legado político. Por essas razões, encontra resistências internas no PSB, como a do presidente da sigla, Roberto Amaral.
2. Busca de um outro candidato
A favor: escolher outro candidato resolveria dilemas políticos da sigla - como a possibilidade de Marina investir em sua Rede Sustentabilidade após a eleição ou implodir acordos regionais firmados pelo PSB contra a vontade da atual candidata a vice. Os principais nomes da legenda, hoje, são o senador Rodrigo Rollemberg, atual candidato a governador do DF, os deputados federais Beto Albuquerque (RS) e Márcio França (candidato a vice de Alckmin em São Paulo) e Julio Delgado (MG). França evitou apoiar publicamente Marina, com que já tinha pouca afinidade, o que pode ser um indício de que preferiria outro candidato.
Contra: a morte de Eduardo Campos não deixou um segundo nome com destaque nacional que fosse um candidato natural a ocupar sua vaga na eleição. Outras figuras de peso, como Cid e Ciro Gomes, deixaram o partido recentemente. Nesse caso, a probabilidade de o partido conseguir vaga em um eventual segundo turno diminuiria consideravelmente com um nome de seus próprios quadros. Uma alternativa seria Roberto Freire, presidente do PPS e aliado do PSB.
3. Apoio a Dilma Rousseff
A favor: o PSB tem afinidades com o PT - Eduardo Campos e Marina Silva já integraram o governo petista, ela como ministra do Meio Ambiente, ele como ministro de Ciência e Tecnologia de Lula. O presidente nacional da sigla, Roberto Amaral, também já foi ministro de Ciência e Tecnologia de Lula. Cogita-se que ele aceitaria uma recomposição com o PT para apoiar Dilma.
Contra: há uma forte corrente no PSB que defende a candidatura própria a qualquer custo. O presidente do PSB paulista, Marcio França, já declarou que "não há possibilidade" de o partido desistir de apresentar um candidato. A adesão a Dilma significaria abrir mão de se apresentar como uma terceira via alternativa ao PT e ao PSDB.
4. Apoio a Aécio Neves
A favor: o PSB firmou aliança com o PSDB no Estado mais importante do país, São Paulo, e em outros sete Estados. O presidente da legenda em São Paulo, o deputado federal Márcio França, é candidato a vice de Geraldo Alckmin nas eleições estaduais, o que já marca uma aproximação importante.
Contra: o apoio a Aécio é uma possibilidade distante, até o momento. O próprio candidato a vice de Alckmin manifestou publicamente a determinação do PSB apresentar um candidato próprio - com a missão de romper a dualidade entre PT e PSDB no país.
5. Neutralidade na eleição
A favor: seria uma alternativa a uma eventual falta de acordo interno do PSB à indicação do nome de Marina Silva ou à definição de outro candidato.
Contra: esse cenário, até o momento, é pouco provável. A ideia não vem sendo defendida, ao menos abertamente, por líderes do PSB e dos partidos coligados. A tendência é de buscar um nome para concorrer no lugar de Eduardo Campos. Jornal Online Araripe Informado
Marcelo Gonzatto

Fonte: ZH

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