sábado, 26 de julho de 2014

MULHERES E CRIANÇAS ENCURRALADAS SÃO BOMBARDEADAS E O MUNDO ASSISTE DE BRAÇOS CRUZADOS

 

Um viva para os heróis israelenses; contra o massacre na Faixa de Gaza

Este texto é para homenagear os 56 heróis israelenses destes tempos de trevas: Yael Even Or, Efrat Even Tzur, Tal Aberman, Klil Agassi, Ofri Ilany, Eran Efrati, Dalit Baum, Roi Basha, Liat Bolzman, Lior Ben-Eliahu, Peleg Bar-Sapir, Moran Barir, Yotam Gidron, Maya Guttman, Gal Gvili, Namer Golan, Nirith Ben Horin, Uri Gordon, Yonatan N. Gez, Bosmat Gal, Or Glicklich, Erez Garnai, Diana Dolev, Sharon Dolev, Ariel Handel, Shira Hertzanu, Erez Wohl, Imri Havivi, Gal Chen, Shir Cohen, Gal Katz, Menachem Livne, Amir Livne Bar-on, Gilad Liberman, Dafna Lichtman, Yael Meiry, Amit Meyer, Maya Michaeli, Orian Michaeli, Shira Makin, Chen Misgav, Naama Nagar, Inbal Sinai, Kela Sappir, Shachaf Polakow, Avner Fitterman, Tom Pessah, Nadav Frankovitz, Tamar Kedem, Amnon Keren, Eyal Rozenberg, Guy Ron-Gilboa, Noa Shauer, Avi Shavit, Jen Shuka, Chen Tamir.

Eis o porquê:

Como se sabe, mais de 800 palestinos, a maioria civis, muitas mulheres e mais de uma centena de crianças morreram em 18 dias de ataques das Forças de Defesa de Israel contra a Faixa de Gaza. Do lado israelense, até esta sexta-feira (25/07), contavam-se 35 mortos, todos adultos, dos quais 32 soldados e três civis.

Trata-se de um placar sinistro, indicativo de um massacre em curso e nada indica que vá parar tão cedo.

Presídio de 365 quilômetros quadrados, fronteiras fechadas, sem saídas, em Gaza se espreme 1,8 milhão de pessoas. Um favelão e uma das maiores densidades demográficas do mundo, com 5.046 habitantes/km². Agora imagine bombardear uma área assim.

Seria como bombardear a favela de Paraisópolis (a maior de São Paulo) para combater os membros de uma facção que se tivessem escondido lá. Ninguém normal acharia certo, porque não tem como ser “cirúrgico”, sem “danos colaterais”, sem mortes de inocentes.

Na quinta-feira, a coisa ficou medonha quando uma escola da ONU foi atingida por pelo menos três bombas, deixando um rastro de corpos despedaçados, sangue, desespero, 15 mortos e 200 feridos.

Diante de fatos tão graves, o governo brasileiro manifestou-se, condenando o “uso desproporcional da força” por parte de Israel. E retirou seu representante da embaixada em Tel Aviv.

Em resposta à crítica brasileira, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Yigal Palmor, respondeu com ofensas e provocações: chamou o Brasil de “politicamente irrelevante” e de “anão diplomático”.

Quis ser engraçado e irônico e comparou o drama humano das famílias desfeitas, o luto e a tragédia que ocorre na Faixa de Gaza à desclassificação do Brasil na Copa do Mundo, frente à Alemanha: “Desproporcional é o 7 a 1”, disse ele.

Não foi engraçado, não foi irônico. Foi apenas desumano.

Também não foi engraçado, não foi irônico e foi apenas desumano o vídeo postado pela Federação Israelita de São Paulo no YouTube, com o título “Isso é exatamente o que acontece em Israel”. Veja:


Trata-se de peça de propaganda para lá de indigesta, uma tentativa desastrada de desidratar a barbárie na Faixa de Gaza, comparando-a a uma briguinha de escola. Em suma: é uma indignidade, um desrespeito aos mortos e uma ofensa à tradição humanista da cultura judaica.

Nem se fale sobre o mal disfarçado racismo estampado no vídeo, que apresenta o menino palestino na cor parda, enquanto o garoto judeu é branco (como se não existissem e não integrassem a comunidade e a riqueza da cultura israelita os judeus árabes e os judeus negros da Etiópia). Mas esse “embranquecimento” das elites --paralelamente ao “escurecimento do inimigo”-- já é bem conhecido.

Desolador.

É diante de uma tal desqualificação do debate (algo que só serve aos fanáticos e aos senhores da guerra) que avultam os nomes e sobrenomes dos 56 heróis citados no começo deste artigo. São os corajosos signatários de um manifesto contrário ao serviço militar obrigatório, visto naquele país como um dever quase sagrado, essencial para proteger um povo cercado de inimigos.

Pois os 56 ousaram romper com a lógica tribal e enfrentar a loucura belicista dos governantes de Israel. Leia o manifesto neste link.São 56 mulheres e homens da reserva “que se sentem insultados pela operação militar em curso” na Faixa de Gaza. Que tem olhos para ver que “os moradores palestinos da Cisjordânia e da Faixa de Gaza são privados de direitos civis e de direitos humanos”. Citar-lhes os nomes é uma forma de também homenagear os mortos palestinos, cujos nomes e histórias acabam soterrados, na cobertura da imprensa ocidental, pelas bravatas de porta-vozes como Yigal Palmor.

Carl von Clausewitz (1780-1831), general prussiano e teórico da guerra dizia que “a guerra é a continuação da política por outros meios.” Segundo os 56, em Israel, “a guerra substituiu a política”. E explicam: “Israel já não é capaz de pensar em uma solução para um conflito político, exceto em termos de força física. Não admira que o país esteja sempre propenso a ciclos sem fim de violência mortal. E, quando os canhões disparam, nenhuma crítica pode ser ouvida”.

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