O Uruguai entrará para a história nesta terça-feira como o primeiro país a regulamentar o cultivo e distribuição da maconha, uma medida polêmica destinada a combater o narcotráfico no pequeno país sul-americano.
A proposta do presidente José Mujica, um ex-guerrilheiro de esquerda, de 78 anos, deve ser aprovada com facilidade no Senado, apesar da resistência da oposição, que teme um aumento no consumo de drogas mais pesadas.
A norma permitirá ao Estado regulamentar a importação, produção, distribuição e venda da cannabis no país, de 3,4 milhões de habitantes. Dessa forma, o governo uruguaio espera desestimular o tráfico e administrar o consumo.
"Não estamos promovendo o consumo, e sim regulamentando uma atividade que é lícita e gerava alguns problemas em nível social: de saúde para os usuários e de segurança no caso do narcotráfico", disse o deputado governista Sebastián Sabini, de 32 anos.
O Uruguai ficará assim na vanguarda do debate sobre a legalização das drogas leves, e a decisão será seguida de perto em diferentes partes do mundo.
Nos Estados Unidos, os Estados de Washington e Colorado legalizaram em 2012 o consumo de maconha para fins recreativos. Segundo uma recente pesquisa Gallup, 58 por cento dos norte-americanos aprovam a medida.
A regulamentação da produção de maconha reforça a agenda progressista do Uruguai, que recentemente legalizou os casamentos homossexuais e o aborto.
Uruguaios maiores de idade que se registrarem com as autoridades poderão cultivar até seis plantas de maconha, ou comprar em farmácias até 40 gramas de maconha por mês para uso recreativo.
A Junta Nacional de Drogas prevê a comercialização no Uruguai de quatro ou cinco variedades da erva ao preço de 1 dólar por grama. Não será permitida a venda a estrangeiros.
O consumo de maconha já é legal no Uruguai. Cerca de 18.700 cidadãos o fazem diariamente, e 184 mil declararam ter fumado pelo menos uma vez no último ano, segundo estatísticas oficiais.
A regulamentação tem apoio de 27 por cento dos uruguaios, segundo uma pesquisa recente do instituto Equipos Consultores, uma alta de 6 pontos em relação a junho. A oposição à liberalização, embora tenha diminuído, continua elevada -- passou de 68 para 58 por cento.
(Reportagem de Malena Castaldi)
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