Agricultores
Gaúchos vendem trigo contaminado para países pobres. Segundo a
reportagem do Folha de S. Paulo a venda só foi feita para os países
Nigéria, Vietnã, Indonésia e Filipinas porque no Brasil a legislação é
‘mais rigorosa’ e proíbe o comércio de produtos com a substância
micotoxina, que é produzida por um fungo e pode causar náuseas, bem como
afetar o sistema nervoso. É ressalvado na reportagem, que na da Europa e
na América do Norte a proibição já é algo consolidado, é consensual.
Visto que quando ultrapassado os limites aceitáveis da presença do
fungo, o consumo é impróprio até para animais. Consenso na legislação
brasileira também. O que mais chama a atenção na reportagem é a
declaração do Presidente da Federação de Agricultura do Rio Grande do
Sul, de que “as condições de sanidade, de venda do produto, competem a
quem compra.” É fato de que o que está em primeiro plano é o lucro, ou o
não prejuízo. E não os indivíduos que irão consumir.
Quando está
a se falar de negócios, de mercado, ou melhor de lucro, a consciência
não entra em atividade. Na verdade pode se dizer que até entra, mas não o
discernir universal ou aquela cosmo-ética. A ética das éticas, a ética
em todas as instâncias. Ética universal! Fico pensando o dispêndio tido
por filósofos que dedicaram-se muito tempo e vida para esclarecer sobre
“o que é a ética” e porque o ser humano é um ser ético, ou porque deve
ser. Segundo Mario Sérgio Cortella ética é “um conjunto de valores e
princípios que os seres humanos usam para decidir três grandes questões
da vida, que são: Quero, Devo, Posso?” Aplicação ao caso: quiseram
vender o trigo contaminado. Pode ser vendido. Mas será que deveriam?
A
Declaração Universal dos Direitos Humanos, a princípio uma proposição
que busca a paz universal, utopia (?), mas o que seria do ‘ser humano’
se ele não pudesse pensar o melhor diante do que está posto? Declaração
que busca uma consciência universal, que pretende extinguir os conflitos
étnicos, que pretende combater todo o tipo de segregação. A racial,
política, social, de gênero, etc...
Onde está o espírito de
fraternidade? Se não deve ser consumido por brasileiros porque é
impróprio para a saúde, por que deve consumido por Nigerianos,
Vietnamitas, Indonésios e Filipinos? Eles não são Seres Humanos? Não
existe Direitos Humanos para eles?
É mais do que óbvio que este
fato, a venda de produtos contaminados para países pobres além de ser de
uma ética invertida, é contra princípios universais. É algo totalmente
desumano. É imoral! Sabe-se dos efeitos que podem causar o consumo e
mesmo assim tal produto é comercializado. O pior de tudo é que o
comércio foi legitimado, justificado por um organismo de representação,
Fersul. Com isso fica claro a insignificância da saúde humana e a
priorização do lucro. Temos que estabelecer bases, princípios e valores
para as relações de comércio do Brasil com outros países, isso, claro,
se quisermos reconhecimento como um país que respeite a dignidade
humana.
Fontes:
A saúde como garantia fundamental e a política pública como seu limite. http://www.mprs.mp.br/dirhum/doutrina/id537.htm. Acessado em: 03.01.2015.
Jornal Online Araripe Informado
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