Prêmio Nobel: "O HIV é um vírus inofensivo e não transmite a AIDS, a doença é algo lucrativo"
Um dos maiores especialistas em vírus
HIV afirma que a Aids não é contagiosa e que se alguém injetar o vírus em si
mesmo não ficará doente
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da Redação
Peter H Duesberg é professor de biologia molecular e celular na
Universidade de Berkeley. Ph.D em química pela Universidade de Frankfurt,
tornou-se pesquisador do Instituto Max Planck de Virologia, em Tübingen e,
desde 1973, é professor titular da cátedra de biologia molecular e celular de
Berkeley, cátedra esta que já foi ocupada por mais de um prêmio Nobel.
Sua experiência com os retrovírus o levou a publicar artigos em revistas
científicas de reputação internacional, refutando a hipótese de que a AIDS seja
causada por um vírus. Propõe como hipótese de trabalho que a AIDS é causada por
abuso de drogas e comportamentos auto-degradativos, que leva o sistema
imunológico ao colapso. Seus estudos sobre a participação viral na oncogênese o
levaram a refutar esta relação. Sugere, como linha de pesquisa científica, que
a aneuploidia esteja na origem do câncer.
Em 1996, em seu livro Inventing the
AIDS Virus (Inventando o vírus da AIDS) e em
inúmeros artigos para jornais e cartas para editores, Duesberg afirma que o HIV
é inofensivo, e o uso de drogas ilícitas e farmacêuticas (especialmente de AZT,
uma droga utilizada no tratamento da AIDS) são as causas da doença fora da
África (a tão comentada Hipótese de Duesberg).
Duesberg afirma que a AIDS na África é errôneamente diagnosticada, e a
epidemia é um mito, alegando que o critério de diagnóstico da AIDS na África é
diferente de qualquer outro lugar e que a perda da imunidade nos pacientes
africanos pode ser explicada por fatores como desnutrição, consumo de água
poluída e várias outras infecções que têm os mesmos sintomas da AIDS. Duesberg
também argumenta que os retrovírus como HIV sobrevivem de maneira inofensiva, e
que a maneira comum de propagação é a transmissão de mãe para filho por
infecção no útero.
A Hipótese de Duesberg é apoiada por vários cientistas, em sua maioria Phd's e ganhadores de prêmios Nobel, embora seja atacada massivamente
por cientistas de grandes laboratórios, principalmente o GlaxoSmithKline
(Burroughs Wellcome na época em que patenteou o AZT). (Fonte: Wikipédia)
Há algum tempo atrás, Peter Duesberg concedeu uma entrevista à
revista Super Interessante, do qual falou mais detalhadamente
sobre suas teses:
Fonte: Super Interessante, Edição 157
por Flávio Dieguez: Desde a eclosão da
Aids, em 1981, a expressão “HIV-positivo” se transformou quase que em uma
sentença de morte. A presença do HIV em um organismo significava que, mais cedo
ou mais tarde, ele adoeceria de Aids. Mas... e se o vírus for inocente? E se
ninguém precisasse temer o contágio e nem, por causa disso, tivesse que usar
camisinha como uma obrigação, nem tomar drogas pesadas como o AZT, disparadas
contra o vírus como a única alternativa de salvação? Essa tese polêmica – ou
simplesmente insana na opinião de muitos especialistas – é defendida pelo
cientista que mais entende hoje dos vírus da categoria do HIV, chamados de
retrovírus. Trata-se do bioquímico alemão, naturalizado americano, Peter
Duesberg, da Universidade da Califórnia, em Berkeley. “Peter é extraordinário e
brilhante”, diz a seu respeito o seu maior oponente, o virologista americano
Robert Gallo, do Instituto Nacional do Câncer (INC). (Gallo descobriu o HIV e é
o autor da tese de que é o vírus que causa a Aids.) Duesberg concordou em dar
esta entrevista à Super depois que o presidente da África do Sul, Thabo Mbeki,
em abril, anunciou que poderia suspender, em seu país, o tratamento da Aids por
meio de drogas anti-HIV, não só por seus efeitos colaterais deletérios, como
por haver dúvidas sobre sua eficiência no combate à doença. O anúncio teve o
efeito de um terremoto. Pela primeira vez se deu atenção a Duesberg e a mais
uma centena de pesquisadores que inocentam o vírus, entre os quais o bioquímico
americano Kary Mullis, da Universidade da Califórnia, Prêmio Nobel de Química
de 1993. A seguir, entenda por que eles não acreditam que o HIV seja o vilão da
história.
Super – Por que você não aceita a teoria de que a Aids é causada por um
vírus, o HIV?
A Aids não é
compatível com os critérios usados para definir uma doença como infecciosa –
isto é, causada por microorganismos. Para começar, todas as infecções levam ao
contágio e são comumente transmitidas para quem trata os pacientes. Não se
conhece um único médico ou enfermeira que tenha contraído Aids dessa maneira.
No total, desde que a Aids foi diagnosticada há 20 anos, mais de 750 000 casos
já foram registrados nos Estados Unidos. O fato de não ter havido a
contaminação de um médico ou uma enfermeira sequer demonstra que a Aids não é
contagiosa.
Mas a Aids não está se espalhando pela população por contágio?
Não. As doenças
infecciosas se alastram mais ou menos por igual por toda a população. É o que
se vê, por exemplo, na poliomielite, na varíola, na hepatite etc. Em vez disso,
tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, a Aids é uma enfermidade
predominantemente masculina: até 85% dos pacientes são homens. Como explicar a
baixa incidência no sexo feminino? E não é só isso: quase 70% dos pacientes masculinos
são homossexuais usuários de drogas, o que torna a distribuição da doença ainda
mais desigual, mais restrita a um segmento específico da sociedade.
Então, qual seria o papel do vírus?
O HIV não se
encaixa nos critérios estabelecidos. Nenhum outro vírus tem o comportamento que
se atribui a ele. Enquanto todos os vírus conhecidos causam doença em alguns
dias ou semanas após a infecção, o HIV demoraria até dez anos para provocar
efeito. É um paradoxo sem explicação. Na verdade, essa demora no aparecimento
do mal é característica das doenças associadas às drogas. O câncer de pulmão
surge de dez a 20 anos depois que se começa a fumar, e a cirrose, 20 anos
depois de começar a beber.
Até que ponto essa analogia é importante para entender a causa da Aids?
Ela mostra o quanto
é duvidoso que o HIV seja a causa da Aids. Se ela fosse de origem viral,
deveria ter seguido um de dois caminhos possíveis: ou teria sido controlada
assim que os pacientes desenvolvessem imunidade a ela, ou teria explodido, como
previram erroneamente os cientistas americanos. Mas o que aconteceu foi algo
completamente diferente: ela está associada a um estilo de vida, da mesma forma
que o câncer de pulmão predomina entre os fumantes e, como ele, continua
confinada a uma pequena parcela da população.
Então, a causa da doença seria um comportamento...
A hipótese que nós
defendemos é que a Aids é uma epidemia química, não contagiosa, provocada pelo
uso persistente de drogas nos Estados Unidos e na Europa, e pela má nutrição (a
falta de nutrientes causa problemas químicos, tanto quanto as drogas), na
África.
Como se explicam as fotos ou filmes que mostram o HIV infectando as
células?
O fato de um vírus
estar presente em um paciente não é suficiente para provar que ele seja a causa
da doença. Especialmente se a doença não é contagiosa. Na verdade, em sua
grande maioria os vírus são “passageiros” inofensivos do organismo humano e
nunca causam doenças.
A hipótese da causa química tem sido estudada de uma forma adequada, na
sua opinião?
Claramente não. Ao
contrário, ela tem sido censurada, suprimida e privada de verbas públicas. Os
seus proponentes são intimidados e marginalizados.
Você alega que os tratamentos disponíveis para a Aids não ajudaram
ninguém até hoje. O que o faz pensar assim?
Primeiro, as
terapias são direcionadas contra o vírus e ele não causa a Aids. Segundo, como
as drogas utilizadas prejudicam o sistema de defesa do organismo (como se diz
que o HIV faz) elas são Aids por prescrição médica. Receitar AZT, por exemplo,
é como receitar a doença.
Como se explica que o jogador de basquete americano Magic Johnson esteja
em tão boa forma, embora tenha tido Aids e tomado o AZT?
Você está enganado:
Johnson tomou AZT por alguns meses apenas, dez anos atrás. Depois disso nunca
mais. E é por isso que tem boa saúde agora. O HIV é inofensivo, mas as drogas
anti-HIV são mortais: Johnson é a prova viva disso.
Você acredita que uma pessoa saudável poderia injetar o vírus em si
mesma sem risco de ter Aids?
Sim. Isso já
acontece. De acordo com a Organização Mundial de Saúde 33 milhões de pessoas,
atualmente, são HIV-positivas, mas menos de dois milhões desenvolveram a doença
desde que ela é conhecida. Portanto, há 31 milhões de pessoas infectadas e
completamente saudáveis no mundo – entre as quais Magic Johnson.
Você faria essa experiência?
Eu já me dispus a
isso, desde que o objetivo seja fazer pesquisa – uma investigação financiada por
dotações adequadas e com liberdade para publicar os resultados em revistas
especializadas. Eu sou um cientista, não um apostador.
Você acredita que o grupo dos chamados “rebeldes da Aids”, do qual você
faz parte, pode passar a ser ouvido daqui para a frente?
Penso que o nosso
maior aliado é o fracasso da hipótese de que o HIV cause Aids. As pesquisas
nessa linha não conduzem à cura, não previnem e nem explicam a doença, a
despeito de todos os esforços já feitos em termos de capital e de recursos humanos
por mais de 16 anos. A incapacidade de produzir resultados é a marca registrada
do fracasso. Isso, mais a simples lógica dos nossos argumentos, refutarão a
hipótese corrente mais cedo ou mais tarde. Da mesma forma que Galileu, mesmo
que depois de 400 anos, acabou convencendo até o papa de que a Terra gira em
torno do Sol. (Só em 1983 a Igreja admitiu que errou ao condenar Galileu.)
Nota da Super Interessante :
A SUPER gostaria de fazer um esclarecimento. Em 2000, publicamos
uma entrevista com o biólogo e químico Peter Duesberg, que defendia a
tese de
que a aids não era causada pelo vírus HIV. A entrevista foi conduzida
por
Flavio Dieguez, um dos maiores jornalistas científicos que já trabalhou
conosco, e está fundamentalmente correta. Mas, ao longo dos últimos 13
anos, as
teses de Duesberg caíram em descrédito e hoje temos muita clareza de que
não
deveríamos ter dado espaço a elas. Em parte esse descrédito se deve à
tragédia
de saúde pública que se abateu sobre a África do Sul, país que adotou as
ideias
de Duesberg em suas políticas de combate à aids. O resultado foi que o
vírus se
disseminou. Gostaríamos então de afirmar que, aqui na SUPER, não temos
mais
dúvidas de que o aids é causada pelo HIV e de que todo cuidado para
evitar a
transmissão desse vírus é fundamental para a saúde pública. Percebemos
que esta
entrevista foi redescoberta e está circulando nas redes sociais. Que
fique
claro que não concordamos com as ideias expressas nela.