Dinheiro foi bloqueado a partir de nove investigações abertas no país europeu; R$ 391 milhões deste total já foram repatriados
BRASÍLIA — O procurador-geral da Suíça Michel Louber
anunciou nesta quarta-feira o bloqueio de US$ 400 milhões, o equivalente
a R$ 1,3 bilhão, de pessoas e empresas investigadas por fraudes em
contratos de empreiteiras com a Petrobras. Deste total, US$ 120 milhões
(cerca de R$ 391 milhões) já foram liberados para a repatriação e US$ 90
milhões já estão em contas da Justiça brasileira. O dinheiro foi
bloqueado a partir de nove investigações abertas na Suíça sobre
corrupção e lavagem de dinheiro desviado da Petrobras.
— Não toleramos o uso do sistema bancário suíço para
corrupção e lavagem de dinheiro — disse Lauber em entrevista ao lado do
procurador-geral da República Rodrigo Janot e do secretário de
Cooperação Internacional, Vladimir Aras.
Desde o início das investigações em abril do ano passado, o
Ministério Público da Suíça localizou 300 contas de brasileiros em 30
bancos por onde teria sido movimentado parte do dinheiro desviado da
Petrobras. “Os beneficiários e econômico das contas, geralmente abertos
em nome de empresas, são dirigentes da Petrobras, representantes das
empreiteiras, intermediários financeiros e, direta ou indiretamente,
empresas brasileiras ou estrangeiras pagadoras de propinas” diz nota do
Ministério Público suíço.
Até o momento, pelas informações dos investigadores
brasileiros, na lista dos titulares de contas na Suíça estão o
ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, o
ex-gerente da diretoria de Serviços, Pedro Barrusco, e Nesta semana,
autoridades do Principado de Mônaco bloquearam 10 milhões de euros (R$
34,7 milhões) do ex-diretor da área Internacional da Petrobras, Jorge
Zelada.
Outro nome envolvido no escândalo de corrupção da Petrobras,
o ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque movimentou 20,5
milhões de euros (cerca de R$ 70 milhões) por contas na Suíça, Hong
Kong, Bahamas, Estados Unidos, Panamá e Portugal. De acordo com o
Ministério Público Federal, Duque tentou esconder o rastro do dinheiro
desviado de forma ilícita da estatal desde março do ano passado, quando a
Operação Lava-Jato foi deflagrada.
Entre as somas repatriadas estão US$ 3 milhões desviados por
Paulo Roberto Costa. O dinheiro já estaria numa conta aberta por ordem
do ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato, no Supremo
Tribunal Federal (STF). Na semana passada, o Ministério Público anunciou
o recebimento de R$ 182 milhões.
Antes de acompanhar a entrevista de Louber, Janot se reuniu
com um grupo de 16 deputados e senadores do PSOL, PPS e do PCdoB. O
grupo foi manifsetar apoio ao procurador-geral que, desde o pedido de
abertura de inquérito contra 22 deputados e 13 senadores, foi alvo de
ataques dos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Renan
Calheiros (PMDB-AL), entre outros.
— Numa democracia é assim que as instituições funcionam. Não
existem ameaças de chefes de Poder a outras instituições — disse o
senador Randolfe Rodrigues (PSOL-RR).
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