quarta-feira, 18 de março de 2015

Suíça bloqueia mais de R$ 1,3 bilhão desviados da Petrobras

Dinheiro foi bloqueado a partir de nove investigações abertas no país europeu; R$ 391 milhões deste total já foram repatriados

 

BRASÍLIA — O procurador-geral da Suíça Michel Louber anunciou nesta quarta-feira o bloqueio de US$ 400 milhões, o equivalente a R$ 1,3 bilhão, de pessoas e empresas investigadas por fraudes em contratos de empreiteiras com a Petrobras. Deste total, US$ 120 milhões (cerca de R$ 391 milhões) já foram liberados para a repatriação e US$ 90 milhões já estão em contas da Justiça brasileira. O dinheiro foi bloqueado a partir de nove investigações abertas na Suíça sobre corrupção e lavagem de dinheiro desviado da Petrobras.
— Não toleramos o uso do sistema bancário suíço para corrupção e lavagem de dinheiro — disse Lauber em entrevista ao lado do procurador-geral da República Rodrigo Janot e do secretário de Cooperação Internacional, Vladimir Aras.
Desde o início das investigações em abril do ano passado, o Ministério Público da Suíça localizou 300 contas de brasileiros em 30 bancos por onde teria sido movimentado parte do dinheiro desviado da Petrobras. “Os beneficiários e econômico das contas, geralmente abertos em nome de empresas, são dirigentes da Petrobras, representantes das empreiteiras, intermediários financeiros e, direta ou indiretamente, empresas brasileiras ou estrangeiras pagadoras de propinas” diz nota do Ministério Público suíço.
Até o momento, pelas informações dos investigadores brasileiros, na lista dos titulares de contas na Suíça estão o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, o ex-gerente da diretoria de Serviços, Pedro Barrusco, e Nesta semana, autoridades do Principado de Mônaco bloquearam 10 milhões de euros (R$ 34,7 milhões) do ex-diretor da área Internacional da Petrobras, Jorge Zelada.
Outro nome envolvido no escândalo de corrupção da Petrobras, o ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque movimentou 20,5 milhões de euros (cerca de R$ 70 milhões) por contas na Suíça, Hong Kong, Bahamas, Estados Unidos, Panamá e Portugal. De acordo com o Ministério Público Federal, Duque tentou esconder o rastro do dinheiro desviado de forma ilícita da estatal desde março do ano passado, quando a Operação Lava-Jato foi deflagrada.
Entre as somas repatriadas estão US$ 3 milhões desviados por Paulo Roberto Costa. O dinheiro já estaria numa conta aberta por ordem do ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato, no Supremo Tribunal Federal (STF). Na semana passada, o Ministério Público anunciou o recebimento de R$ 182 milhões.
Antes de acompanhar a entrevista de Louber, Janot se reuniu com um grupo de 16 deputados e senadores do PSOL, PPS e do PCdoB. O grupo foi manifsetar apoio ao procurador-geral que, desde o pedido de abertura de inquérito contra 22 deputados e 13 senadores, foi alvo de ataques dos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Renan Calheiros (PMDB-AL), entre outros.
— Numa democracia é assim que as instituições funcionam. Não existem ameaças de chefes de Poder a outras instituições — disse o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-RR).

Nenhum comentário:

Postar um comentário