Segundo delator, Coelho pediu R$ 20 mi para campanha. Senador nega acusação e diz ver pedido da PGR com 'perplexidade'.
O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou
nesta sexta-feira (13) abertura de inquérito para apurar suspeitas
contra o senador e ex-ministro da Integração Nacional Fernando Bezerra
Coelho (PSB-PE) por suposto envolvimento no esquema de corrupção na
Petrobras investigado pela Operação Lava Jato. A decisão atende a pedido feito nesta quinta pela Procuradoria Geral da República (PGR). O senador nega ter cometido irregularidades (leia mais abaixo).
Com Bezerra Coelho, aumentou para 50 o número de pessoas alvos de
inquéritos relacionados à Lava Jato no âmbito do STF. Desses, 48 são
políticos, entre senadores, deputados e ex-parlamentares. Dois
governadores e um ex-governador serão investigados no Superior Tribunal
de Justiça (STJ).
As investigações podem incluir, por exemplo, quebras de sigilo
(bancário, fiscal e telefônico), busca de documentos e interceptações
telefônicas. Na semana passada, a PGR já havia solicitado ao STF
investigações contra outros 47 políticos e dois operadores do esquema.
O pedido de investigação do senador Fernando Bezerra Coelho baseia-se na delação do ex-diretor da Petrobras
Paulo Roberto Costa. Em depoimento dado em agosto do ano passado, Costa
relatou que, em 2010, Bezerra Coelho pediu R$ 20 milhões para a
campanha à reeleição do então governador de Pernambuco Eduardo Campos
(PSB), morto em 2014 . Na época, Bezerra Coelho era secretário de
Desenvolvimento da administração de Campos.
Segundo Paulo Roberto Costa, o pedido foi feito por Bezerra Coelho ao
doleiro Alberto Youssef, que, de acordo com as investigações, era
responsável por lavar dinheiro desviado de contratos da Petrobras.
No pedido de abertura de inquérito, o procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, disse ver indícios de que tenha ocorrido lavagem de
dinheiro e corrupção passiva nos relatos sobre o senador.
Além de Paulo Roberto Costa, o doleiro Alberto Youssef também relatou
pagamento de propina a Bezerra Coelho a partir de obras da refinaria
Abreu e Lima. Segundo o doleiro, parte de uma “comissão” em um contrato
teria sido destinada ao governo de Pernambuco para que fossem resolvidos
problemas que poderiam prejudicar a obra. Ele disse acreditar que quem
recebeu os recursos foi Bezerra Coelho, que, como secretário, iria
“resolver o assunto”.
Senador nega
Nesta quinta, ao ser informado sobre o pedido da PGR, Bezerra Coelho divulgou nota em que expressava “perplexidade” e dizia-se “tranquilo e preparado para responder a todos os questionamentos” sobre o caso. Afirmou que irá colaborar com a Justiça e que está confiante de que vai provar sua inocência.
Nesta quinta, ao ser informado sobre o pedido da PGR, Bezerra Coelho divulgou nota em que expressava “perplexidade” e dizia-se “tranquilo e preparado para responder a todos os questionamentos” sobre o caso. Afirmou que irá colaborar com a Justiça e que está confiante de que vai provar sua inocência.
“O senador reafirma que em 2010 não ocupou nenhuma coordenação na
campanha à reeleição do ex-governador Eduardo Campos. Não conhece nem
teve contato com o sr. Alberto Youssef, como confirma o próprio
depoimento do doleiro”, diz a nota.
Ele admite contatos com Paulo Roberto Costa, mas diz que foram
“estritamente institucionais, próprios do cargo que ocupava no estado de
Pernambuco”. “A generalidade da referência ao nome do Senador Fernando Bezerra Coelho não converge para uma circunstância mínima capaz de justificar a abertura de investigação”, completa o texto.
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