Fernando Bezerra Coelho afirma que denúncias não têm fundamento e defende memória de Eduardo Campos
O Senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) fez nesta segunda
(16/03) um pronunciamento sobre sua inclusão na lista da Procuradoria Geral da
República para abertura de inquérito. O Senador afirmou ter ficado perplexo com
o fato, afinal o nome dele só foi mencionando pela PGR uma semana após a
entrega da relação ao STF. Fernando
Bezerra destacou as fortes contradições entre os depoimentos de Paulo Roberto
Costa e Alberto Youssef e defendeu a memória do ex-governador Eduardo Campos,
também mencionado durante a investigação. Ele pediu ao STF celeridade nos
trabalhos, para que os responsáveis pelas irregularidades possam ser de fato
punidos.
Fernando Bezerra Coelho subiu à Tribuna pouco depois das 14h e iniciou o
pronunciamento agradecendo aos pernambucanos, que desde o final da semana
passada lhe prestam solidariedade. Ele relembrou a trajetória política,
iniciada em Petrolina (Sertão do São Francisco) no começo da década de 1980 e
ressaltou que em mais de 30 anos de atuação política jamais sofreu qualquer
condenação. O senador garantiu estar tranquilo e confiar na Justiça. Ele voltou
a afirmar que todas as reuniões que manteve com Paulo Roberto Costa, ex-diretor
de abastecimento da Petrobras, foram institucionais, para tratar de assuntos
relativos ao investimento da companhia em Pernambuco e que jamais teve contato
com Alberto Youssef. Confira abaixo o pronunciamento na íntegra:
Senhor presidente,
Senhoras senadoras, senhores
senadores
Hoje ocupo a tribuna desta Casa
para defender minha honra e uma trajetória política construída há mais de 30 anos, com
muitos sacrifícios, esforços,
coragem e uma disposição incansável
para trabalhar em defesa do povo pernambucano. Esse povo generoso e destemido,
que me honrou no ano passado com mais de dois milhões e seiscentos mil votos.
Quero dizer para meus conterrâneos, homens e mulheres de Pernambuco, que as
acusações fruto das delações premiadas não me abaterão e que continuarei firme
na luta.
Como sempre fiz na vida,
irei enfrentar de cabeça erguida e consciência tranquila os que me caluniam. A minha
missão é redobrada, pois assumo aqui o compromisso de defender também a memória
e o legado do nosso ex-governador Eduardo Campos, outra vítima de ataques sem
nenhum fundamento. Eduardo não está mais
aqui para erguer a sua voz. Portanto,
cabe-nos a tarefa de fazê-lo com a
mesma altivez.
Venho de Petrolina, do
Sertão do São Francisco. Uma cidade que hoje está entre as mais prósperas do
Brasil e lidera uma grande região produtora de frutas e vinhos. Graças ao
trabalho de muita gente, o arranjo produtivo desta terra hoje emprega mais de
200 mil pessoas. Tenho orgulho de dizer que esta realidade contou com a
colaboração de diversas lideranças políticas da minha terra e sobretudo de
produtores e trabalhadores rurais. Gente que trabalhou duro, para transformar
os sonhos em realidade e erguer do solo o maior polo de fruticultura irrigada
do país.
Minha vida política como aqui nesta tribuna já afirmei, começou
em 1982, quando disputei minha primeira eleição, conquistando o mandato de Deputado Estadual. Quatro anos mais
tarde, fui eleito Deputado Federal constituinte e vim
para Brasília ajudar a escrever a nossa Constituição. Em 1990, conquistei um novo mandato
de Deputado Federal. Em 92,
fui eleito Prefeito
da minha cidade pela primeira vez. Honra a mim conferida pelo povo de Petrolina
em outras duas ocasiões, em 2000 e 2004.
No campo do executivo
estadual, fui Secretário de Estado de três importantes governadores: Roberto
Magalhães, Miguel Arraes e Eduardo Campos, colaborando nas pastas de Governo,
Agricultura e Desenvolvimento Econômico. Em 2011, indicado pelo meu partido,
tive a oportunidade de servir ao Brasil como Ministro da Integração Nacional, na
primeira gestão da presidenta Dilma Rousseff.
No ano passado, ao lado do
meu companheiro de chapa, o governador Paulo Câmara, recebi a confiança da
maioria dos pernambucanos, sendo o segundo senador mais bem votado do país, alcançando
índice superior a 64 por cento dos votos válidos.
Em todo esse percurso, passando por
tantas experiências distintas, jamais enfrentei qualquer tipo de condenação,
fosse qual fosse a corte julgadora.
Porém, devo confessar que os
fatos acontecidos nos últimos dias me deixaram absolutamente perplexo. Sem
nenhuma justificativa ou argumento minimamente plausível, tive meu nome
incluído entre os agentes públicos
que estão sendo investigados na “Operação Lava Jato”.
Deixo claro aqui que não temo as
investigações. Tenho uma biografia que fala por mim, e a certeza de que jamais
ultrapassei os limites determinados pela legislação brasileira e pela ética.
Mas o que espanta, neste
caso, é que o Ministério Público Federal teve nada menos que quatro meses para
analisar depoimentos, recomendar diligências, reunir material e fazer o
trabalho que considerasse o
mais correto. Passado esse
período, foi criada uma enorme expectativa com relação à lista da Procuradoria
Geral da República, entregue ao STF no dia 4 de março.
Uma semana mais tarde, no
dia 12, fico sabendo pela imprensa que o Ministério Público Federal resolveu
adicionar meu nome à relação, sem que nenhum fato novo tivesse ocorrido. Uma
atualização tardia e desconectada de sentido.
Afinal, ainda faltam outros nomes? Alguém que deveria estar entre os
investigados ficou de fora? Houve falha nos procedimentos iniciais? Ou foram pressões
externas à estrita investigação dos resultados? São perguntas que a sociedade
começa a fazer neste momento.
O Ministério Público
sustenta sua tese com base em dois depoimentos: no do Sr Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, e
no do Sr. Alberto Youssef.
Pois bem, vamos aos fatos,
como eles são.
Com o Sr.
Paulo Roberto Costa tive diversas reuniões e agendas,
sempre para tratar de temas institucionais. Eu,
na condição
de Secretário Estadual de Desenvolvimento Econômico, no governo Eduardo
Campos, e ele como executivo da
Petrobras. Como todos sabem, está sendo concluída uma grande refinaria em
Pernambuco. Nenhum dos contratos para qualquer tipo de serviço na refinaria
passou pelas minhas mãos. Todos, absolutamente todos, foram realizados exclusivamente pela
Petrobras, sem qualquer gerência estadual.
Em 2010, não participei da
coordenação da campanha à reeleição
de Eduardo Campos. Portanto, nunca tratei de doações para
aquela disputa com quem quer que fosse. Aliás, abro aqui um parêntese para
fazer justiça a um amigo. Eduardo foi um gestor público sério, comprometido com as
melhores causas democráticas e republicanas,
e por isto mesmo deixou o governo com uma aprovação superior a 80 por cento.
Todas as contas dele foram devidamente analisadas e aprovadas pela Justiça
Eleitoral. Atacar Eduardo, agora que ele já se foi, é tentar macular a imagem
de um grande líder que o Brasil perdeu de maneira tão precoce. Eduardo merece
respeito pelo que foi e pelo que fez.
As contradições nos
depoimentos dos delatores são evidentes, e isso ficará demonstrado no curso das
investigações.
Qualquer cidadão que leia e coteje os
depoimentos verá o quanto os fatos narrados,
pessoas, empresas, e datas,
são contraditórios entre si no que me dizem respeito. São duas histórias diferentes.
Nada há de concreto que pudesse
ensejar um pedido de abertura de inquérito.
Dito isso, afirmo e reafirmo que não são verídicas as declarações do Sr. Paulo Roberto Costa contra
a minha pessoa. Afirmo e reafirmo o que digo há bastante tempo:
jamais tive qualquer tipo de contato com o Sr Alberto Youssef.
Estou absolutamente
tranquilo quanto aos resultados do que for investigado, pois tenho em mim a
consciência da verdade. As acusações constituem-se de depoimentos
que não acham sustentação em mais nada neste
processo. Recordo aqui um episódio que vi de perto. Em 1998, dura e
injustamente acusado, mas dono de uma serenidade inabalável, o ex-governador
Miguel Arraes afirmou que as palavras vazias seriam levadas pelo vento. Como de
fato foram.
Quero agradecer aos homens e
mulheres de Pernambuco, que ao longo desses últimos dias têm me prestado tantas
manifestações de solidariedade. A força de vocês me incentiva ainda mais a prosseguir na
luta em defesa de Pernambuco e do Brasil.
Agradeço
ao meu partido, o PSB, na pessoa do Seu Presidente Carlos Siqueira pelo apoio a
mim e à memória de Eduardo Campos.
Quero agradecer, de maneira
especial, à minha família, pelo carinho e amor de uma vida inteira.
Quero
continuar confiando na instituição do Ministério Público Federal, que
desempenha papel fundamental dentro do atual contexto que vive nosso país e apelo
para que possa dar celeridade a esta investigação, mas sei que poderei enfrentar
uma batalha longa.
Contudo, minha disposição em travar o bom combate e colocar a verdade acima de
qualquer suspeita, é ainda maior.
Era o que eu tinha a
dizer.
Fernando Bezerra Coelho
Jornal Online Araripe Informado
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